Europa

Eslováquia reforça polícias e militares na fronteira com Hungria contra imigração ilegal

Robert Fico foi atingido por vários disparos esta quarta-feira e transportado de helicóptero para o hospital
Robert Fico foi atingido por vários disparos esta quarta-feira e transportado de helicóptero para o hospital
RADOVAN STOKLASA/REUTERS

Reforço começa ainda esta segunda-feira. O primeiro-ministro disse que vai inspecionar pessoalmente a situação na fronteira

O novo governo eslovaco anunciou, esta segunda-feira, um significativo reforço de efetivos da polícia e do exército ao longo da fronteira com a Hungria, justificado com o número crescente de imigrantes a querer entrar no país.

O primeiro-ministro conservador populista, Robert Fico, não deu imediatamente detalhes sobre o reforço de meios, mas disse que pessoas ligadas a grupos "terroristas" podem entrar no país se a imigração ilegal não for controlada.

Fico, que falou após reunião com o ministro do Interior, Matus Sutaj Esto, disse que o reforço começará ainda esta segunda-feira e que irá inspecionar pessoalmente a situação na fronteira.

O ministro Sutaj Esto disse que a guerra em curso entre Israel e o grupo islamita Hamas deverá provocar uma nova vaga de migração em direção à Europa. O executivo, disse, espera controlar toda a fronteira de 655 quilómetros com a Hungria com os novos meios.

O anterior governo eslovaco retomou os controlos aleatórios na fronteira com a Hungria a 05 de outubro, um dia após as vizinhas Áustria, República Checa e Polónia, reintroduzirem controlos nas suas fronteiras com a Eslováquia para conter a migração. Todos os quatro países pertencem à Espaço Schengen da União Europeia.

Os migrantes utilizam a Eslováquia como país de trânsito no caminho para a Europa Ocidental, segundo a agência AP.

De acordo com o Ministério do Interior, a Eslováquia registou quase 40.000 imigrantes desde o início do ano até 01 de outubro — 11 vezes mais do que há um ano.

O novo executivo ainda não divulgou o seu programa político, mas Fico sugeriu que incluirá uma postura dura contra a imigração e as organizações não-governamentais que recebem financiamento do exterior.

Fico foi empossado no passado dia 25 de outubro pela Presidente, Zuzana Caputova, prometendo acabar com a ajuda militar à Ucrânia para repelir a invasão russa.

Robert Fico volta ao cargo de primeiro-ministro pela quarta vez, depois de o seu partido Smer (Direção) ter vencido as eleições parlamentares de 30 de setembro.

O partido conquistou 42 assentos no parlamento de 150 assentos no seguimento de uma campanha pró Rússia e antiamericana.

Fico formou uma maioria parlamentar ao assinar um acordo de governo de coligação com o partido esquerdista Hlas (Voz) e o ultranacionalista Partido Nacional Eslovaco.

A vitória de Fico pode marcar uma reviravolta significativa na política externa do país e prejudicar uma unidade frágil na União Europeia (UE) e na NATO.

Desde que o governo anterior assumiu o poder em 2020, após fazer campanha anticorrupção, dezenas de altos funcionários, agentes da polícia, juízes, procuradores, políticos e empresários ligados ao Smer foram acusados e condenados por corrupção e outros crimes.

O próprio Fico e o seu antigo ministro do Interior, Robert Kalinak, chegaram a enfrentar acusações criminais no ano passado por criarem um grupo criminoso e por abuso de poder.

Kalinak é o ministro da Defesa do novo governo.

Conhecido pelas suas tiradas contra jornalistas, Fico fez campanha contra a imigração e os direitos LGBTQ+ e ameaçou demitir investigadores da Agência Penal Nacional e do procurador especial que trata dos crimes mais graves e da corrupção.

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