A vice-presidente será nomeada como a escolhida pelo partido para concorrer à Casa Branca em novembro, tendo conseguido o apoio de 99% dos delegados em apenas nove dias, depois de Joe Biden ter desistido da corrida
Jornalista
Nas horas e dias que se seguiram à desistência de Joe Biden das presidenciais norte-americanas, o Partido Democrata uniu-se em força para apoiar a vice-presidente Kamala Harris. No espaço de poucos dias, a antiga senadora da Califórnia e n.º2 de Biden tornou-se num símbolo de coesão num partido que parecia desesperançado; e as centenas de milhões de dólares que Harris já angariou para a sua campanha mostram bem o entusiasmo dos democratas em torno da vice-presidente.
Foi sem surpresas, portanto, que o Comité Nacional Democrata, o principal órgão do partido, confirmou esta terça-feira que Kamala Harris foi a única a qualificar-se para a nomeação às presidenciais - e a única também a apresentar uma candidatura, já que nenhum outro democrata a desafiou.
“3,923 delegados por todo o país pediram para colocar a vice-presidente Harris no boletim da nomeação democrata, e a vice-presidente assegurou o apoio de 99% dos delegados participantes. A direção também anunciou que a votação virtual - o processo através do qual a vice-presidente será confirmada oficialmente como a nomeada - irá começar no dia 1 de agosto e acabará a 5 de agosto”, adiantou o partido, em comunicado no seu site.
O anúncio surge apenas nove dias depois de o Presidente dos Estados Unidos Joe Biden ter declarado ao país, e ao mundo, que afinal não procuraria ser reeleito nas próximas eleições, que se realizam no dia 5 de novembro. Biden optou por abandonar a corrida depois de um mês marcado por enorme pressão política, dentro do próprio Partido Democrata, que perdeu a confiança no Presidente após uma prestação desastrosa no debate de 27 de junho frente a Donald Trump.
O final do processo burocrático terminará no dia 22 de agosto, quando Harris fechar a Convenção Nacional Democrata, que este ano ocorre em Chicago, e aceitar a nomeação como candidata às presidenciais, com o objetivo de ser a primeira mulher de sempre a chegar à Casa Branca. A Convenção vai arrancar no dia 19 de agosto, com a CNN a avançar que Joe Biden deverá abrir o palco em horário nobre.
Quanto ao vice-presidente, a CBS News explica que Harris terá de apresentar o seu ‘número 2’ até ao dia 7 de agosto, para cumprir o regulamento eleitoral do estado do Ohio. Mas vários meios norte-americanos esperam que a vice-presidente anuncie o nome escolhido nos próximos dias.
Entre os favoritos para acompanhar Kamala Harris no boletim em novembro, estão os governador Josh Shapiro (do Pensilvânia) e o senador Mark Kelly do Arizona, duas das opções mais fortes; discutem-se também os nomes de Andy Beshear (governador do Kentucky), Pete Buttigieg (secretário dos Transportes) e Tim Waltz (governador do Minnesota).
Quando Joe Biden desistiu das eleições, vários especialistas sugeriram que Shapiro e Kelly pudessem tentar aproveitar algumas incertezas em torno da vice-presidente e lançassem as suas candidaturas. Contudo, perante a união incontestada em torno de Harris e uma melhoria significativa nas sondagens, ambos acabaram por declarar o seu apoio.
Kamala Harris terá pela frente o criminoso Donald Trump, o ex-Presidente que transformou o Partido Republicana de acordo com as suas ideias extremistas e nacionalistas, e que tenta recuperar a Casa Branca depois de a perder em 2020.
Praticamente todas as sondagens apontam para uma recuperação de terreno da parte de Harris. Segundo o agregador de sondagens do jornal "The New York Times”, Trump continua à frente da vice-presidente com uma média percentual de 48%, contra 46% para Harris, mas os resultados encontram-se bem dentro da margem de erro e a maioria dos meios norte-americanos considera que os inquéritos apontam para um empate técnico entre os dois rivais.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: hcarvalho@expresso.impresa.pt
