Eleições americanas 2024

Barack Obama está preocupado com a candidatura de Joe Biden e com o crescimento de Donald Trump, diz o “Washington Post”

Joe Biden e Barack Obama
Joe Biden e Barack Obama
Mark Makela

Publicamente, Barack Obama tem manifestado o seu apoio a Biden, mas, desde o debate de 27 de junho, com Donald Trump, as dúvidas acerca da capacidade do seu antigo número dois só têm aumentado. Os seus colegas democratas não têm parado de telefonar-lhe

Em conversas que teve com alguns democratas ansiosos - caracterização usada pelo jornal “The Washington Post” -, Barack Obama referiu que que o futuro da candidatura de Biden é uma decisão que cabe ao Presidente tomar, mas também deu a entender que está preocupado com o facto de as sondagens não favorecerem o seu antigo número dois. Manifestou ainda os seus receios quanto aos eventos que catapultaram a preferência dos eleitores por Donald Trump, bem como apreensão por os angariadores de fundos - como George Clooney - pretenderem abandonar o barco.

Segundo o “Washington Post”, Obama só falou com Biden uma vez desde o fatídico debate, que suscitou temores de que a saúde do Presidente estivesse já debilitada. Barack Obama quer proteger Biden e o seu legado, e rejeitou a ideia de que só ele pode influenciar o processo de tomada de decisão da candidatura.

As chamadas têm vindo de todos os lados. Uma das mais célebres figuras a contactar Obama foi a antiga presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, que, há alguns dias, admitiu que respeitaria a vontade de Biden, mas que o tempo para se apresentar um novo candidato estava a esgotar-se.

Nestas conversas, Obama considerou que Biden tem sido um grande Presidente, e afirmou que quer proteger as suas realizações, ameaçadas pela hipótese de os republicanos virem a assumir a liderança da Casa Branca e de ambas as câmaras do Congresso no próximo ano.

Joe Biden que, até então, se mantivera firme na intenção de se recandidatar, admitiu, depois de ser diagnosticado com covid-19 na quarta-feira, que, em caso de doença grave, se retiraria. Está agora de quarentena numa casa de férias. Um dos representantes da sua campanha, Quentin Fulks, disse, no entanto, na manhã de quinta-feira, que a campanha de Biden ia a avançar. “Ele não está a vacilar em nada. O Presidente tomou a sua decisão. Não sei quantas vezes mais poderemos responder a isso.”

O jornal "The Guardian" adianta, no entanto, que Joe Biden ter-se-á tornado mais aberto nos últimos dias a ouvir argumentos a favor da sua retirada, depois de os dois principais líderes do partido no Congresso lhe terem dito que duvidavam da sua capacidade para derrotar Donald Trump. Embora continue a insistir que será o candidato do partido em novembro, o Presidente terá começado a fazer perguntas sobre dados negativos das sondagens e se a vice-presidente Kamala Harris, considerada a favorita para o substituir em caso de desistência, se sairá melhor.

Esta disponibilidade, não só coincide com a infeção com coronavírus, como surge após a divulgação de novos dados de sondagens que mostram que Biden está agora a dois pontos de Trump na Virgínia (43 contra 45%), estado em que venceu por 10 pontos em 2020.

Além disso, também terá sido influenciado pelas opiniões de Chuck Schumer, o líder da maioria no Senado, e Hakeem Jeffries, o líder democrata na Câmara dos Representantes, de que deveria desistir.

A pressão

Vários democratas têm expressado preocupação sobre a candidatura de Joe Biden candidatura. Os angariadores democratas, os ativistas e os ​​eleitos recorrem cada vez mais a um pequeno grupo de veteranos para os ajudar a sair da crise criada pelo desempenho de Biden no debate de 27 de junho. O deputado Hakeem Jeffries, e o líder da maioria no Senado, Charles E. Schumer, falaram diretamente com Biden na semana passada, alertando para as preocupações generalizadas de que a sua candidatura poderá prejudicar as hipóteses de controlo democrata de qualquer órgão de soberania no próximo ano.

Antigos conselheiros de Obama, que continuam a marcar presença no comentário político, como David Axelrod, acreditam mesmo que Joe Biden já não tem hipóteses de vencer as eleições em novembro. Desde o debate com Trump, as sondagens têm mostrado que Biden reúne menos aprovação nos estados decisivos do norte.

Após o debate, Obama publicou nas redes sociais uma mensagem de apoio a Biden, mas alguns conselheiros do atual Presidente estarão indignados, de acordo com o “Washington Post”, com o papel de Obama nestas conversas, responsabilizando-o por não manter o partido unido em torno da candidatura de Biden.

Mas Obama tem estado em silêncio, pelo menos publicamente. Tornadas públicas as suas preocupações, aumenta, no entanto, a pressão para que Joe Biden se retire da corrida.

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