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“O próximo candidato dos democratas deveria ser alguém como Oprah ou The Rock”, defende autor de “A Próxima Guerra Civil”

Stephen Marche
Stephen Marche
Marta Iwanek

Começou, com a administração Trump, o “declínio da igualdade perante a lei”, mas sistemas políticos como o dos Estados Unidos tendem a entrar em colapso depressa, considera Stephen Marche, autor de “A Próxima Guerra Civil”. Em entrevista ao Expresso, fala da década em chamas que serão os anos 2020 e salienta que não haverá construção, apenas instituições destruídas

Stephen Marche, jornalista canadiano e autor de “A Próxima Guerra Civil” (publicada em Portugal pela editora Zigurate), foi para o “terreno”, percorrendo o solo do país dividido que é a América. Está a escrever um novo livro, desta vez sobre o fator celebridade nas eleições americanas.

Em entrevista ao Expresso, o investigador diz que “estamos a entrar nos burning twenties, uma era em que a violência prolifera e o anti-institucionalismo vinga. Mas as pessoas não podem ser “estúpidas” para sempre, defende o autor, que pede, no entanto, que os políticos tentem procurar pelo eleitorado onde ele se encontra agora.

Kamala Harris não venceu e não se geraram grandes tumultos ou uma guerra civil palpável. Qual é o ambiente que se sente após a vitória de Donald Trump ?
Há uma sensação de colapso e caos reais. As estatísticas mais recentes mostram que 90% dos americanos acreditam que o seu sistema de governação está falido ou quebrado. Portanto, é praticamente o país inteiro que já não considera ter um sistema político legítimo. Esse é o triunfo de Trump, estamos no seu momento de triunfo. Já libertou os prisioneiros da insurreição de 6 de janeiro. Isto significa que as pessoas que agrediram agentes da polícia podem ser libertadas da prisão se tiverem as opiniões políticas corretas do momento. É, no fundo, a definição do declínio da igualdade perante a lei. Essa parece ser uma tendência incrivelmente forte, mas se há coisa que sabemos da História é que sistemas como este entram em colapso muito rapidamente. Não tendem a durar nem a florescer. Os Estados Unidos da América são um país que não conheceu outra coisa senão prosperidade. Para um país como a Rússia, que tem 20% de empréstimos sobre o seu capital, não haveria problema, mas isso não será possível nos Estados Unidos. Não é assim que o país está habituado a funcionar. Não é assim que funciona o seu sistema económico. Estes dias mostraram que mais caos e divisão estão a caminho.

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