Entre as muitas decisões que Donald Trump já tomou sobre a sua próxima administração, uma das mais surpreendentes, mesmo entre os conservadores que o apoiam, é a opção de nomear o congressista e seguidor fiel Matt Gaetz, que está a ser investigado num caso de abuso de menores, para ser o procurador-geral dos Estados Unidos.
O Presidente-eleito fez saber, ao longo da sua campanha, que o Departamento de Justiça sob a sua liderança iria travar os processos contra si, que, argumentou, tiveram motivações políticas. E prometeu também que iria investigar os grupos que o afrontaram desde que perdeu as eleições de 2020, chegando a ameaçar a imprensa e alguns opositores políticos. Para muitos meios de comunicação norte-americanos, a escolha de Matt Gaetz, um devoto defensor de Trump, que concordou com a prometida retaliação contra os adversários, evidencia uma prioridade à lealdade sobre a competência.
Segundo o site “Politico”, dentro do Departamento de Justiça o clima é tenso, com os funcionários mais velhos “petrificados” com o potencial vingativo do nomeado de Trump. “Isto é de doidos, é simplesmente chocante. Ele está ali por um motivo: levar a cabo a vingança [de Trump]. Estou certo que ele não tem uma grande visão para o futuro do departamento. Não consigo imaginar como é que isto não vai assustar ainda mais as pessoas”, acrescentou também ao site um advogado que trabalha há décadas no Governo norte-americano e que pediu para manter o anonimato por receio de retaliação.
“Não há justificação plausível para nomear alguém tão bajulador e tão ofensivo para uma posição de tamanha importância nesta democracia, exceto para ter um fantoche e ter alguém, como Gaetz demonstrou, que está disposto a fazer tudo o que Trump pedir”, avaliou Ty Cobb, um antigo advogado durante a anterior administração de Trump, ao “Politico”.
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