EUA

Juíza anula processo contra Trump sobre documentos secretos retirados da Casa Branca

Donald Trump foi considerado culpado no caso Stormy Daniels
Donald Trump foi considerado culpado no caso Stormy Daniels
Seth Wenig/Reuters

Juíza Aileen Cannon alega que procurador especial que tem em mãos o processo foi nomeado de uma forma que "viola a Constituição"

O processo contra o ex-presidente dos EUA e candidato à presidência, Donald Trump, relacionado com a retirada de documentos confidenciais da Casa Branca para a sua residência na Flórida, após ter perdido as eleições de novembro de 2020 para Joe Biden, foi anulado.

Na sentença, a juíza Aileen Cannon considera que a nomeação do procurador especial Jack Smith violou a Constituição e torna todo o processo inválido.

Em causa estão documentos sigilosos que Trump foi acusado de ter trazido consigo ilegalmente quando abandonou a Casa Branca, em janeiro de 2021, após a derrota face a Joe Biden. Grande parte dessa documentação foi confiscada pelo FBI durante buscas à casa do republicano em Mar-a-Lago, na Flórida, em agosto do ano passado.

Na decisão, que representa uma grande vitória para o ex-presidente candidato às presidenciais deste ano pelo Partido Republicano, a juíza Aileen Cannon atende ao pedido dos advogados de defesa. A decisão da juíza distrital, que foi nomeada para o tribunal por Trump, representa uma conclusão abrupta para um caso criminal que, na altura em que foi aberto, era amplamente considerado como a mais perigosa de todas as ameaças legais que o ex-presidente enfrentava.

Embora o caso estivesse paralisado há muito tempo e a perspetiva de um julgamento antes das eleições de novembro já fosse improvável, a decisão da juíza é uma vitória legal de enorme dimensão para Trump, num momento em que o magnata recupera de uma tentativa de assassinato no sábado e se prepara para aceitar esta semana a nomeação como candidato republicano às presidenciais durante a Convenção Nacional Republicana.

Este é um dos quatro processos criminais levantados contra Trump, e incluía dezenas de acusações relacionadas com a retenção ilegal de documentos confidenciais na sua propriedade em Mar-a-Lago. Trump era ainda acusado de obstruir os esforços do FBI para esse material, declarou-se inocente e negou todas as ilegalidades.

Os advogados de defesa entraram com várias contestações ao caso, incluindo uma de caráter técnico-jurídico que afirmava que o procurador especial Jack Smith havia sido nomeado ilegalmente sob a Cláusula de Nomeações da Constituição, uma vez que foi nomeado pelo procurador-geral norte-americano, Merrick Garland, em vez de ser confirmado pelo Congresso, e que o seu gabinete havia sido financiado indevidamente pelo Departamento de Justiça.

Cannon, cujo tratamento do caso atraiu escrutínio, concordou com a defesa do magnata numa ordem de 93 páginas em que defendeu que a Constituição "deu ao Congresso um papel central na nomeação de oficiais" e que esse "papel não pode ser usurpado pelo Poder Executivo", seja "neste caso ou em outro caso, seja em tempos de maior necessidade nacional ou não".

A equipa de Jack Smith contestou vigorosamente o argumento durante as audiências perante Cannon no mês passado e disse à magistrada que, mesmo que a decisão fosse favorável à equipa de defesa, a decisão adequada não seria rejeitar todo o caso.

Esta é a primeira vez que um dos quatro processos criminais contra Trump acaba completamente rejeitado.

Os procuradores poderão ainda recorrer da decisão.

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