EUA

Trump acusa Biden fazer o "pior discurso do Estado da União": "Uma vergonha para o nosso país"

Ex-Presidente dos EUA, Donald Trump
Ex-Presidente dos EUA, Donald Trump
SAM WOLFE/REUTERS

Enquanto um discursava, o outro escrevia. O antigo Presidente deixou dezenas de mensagens e insultos a Biden e aos democratas, mas o prometido comentário em direto esbarrou numa série de problemas técnicos e ‘apagões’ que afetaram a sua própria rede social

Trump acusa Biden fazer o "pior discurso do Estado da União": "Uma vergonha para o nosso país"

Hélio Carvalho

Jornalista

O terceiro discurso do Estado da União de Joe Biden ficou marcado pela forte distinção que o Presidente norte-americano procurou fazer entre a sua mensagem e a do seu antecessor e rival e por uma preferência por assuntos internos. Como seria de esperar, Donald Trump não largou a televisão ao longo do discurso feito esta quinta-feira à noite e lançou-se numa tirada inesgotável de publicações online, em que classificou o discurso como “uma vergonha” e “cheio de ódio”.

Através da sua própria rede social, a Truth Social, Trump escreveu freneticamente. Foram mais de 40 publicações ao longo das declarações do Presidente ao Congresso, entre as quais se destacaram críticas ao tom “zangado” e “polarizante” de Biden. “Este é talvez o pior, o mais zangado e o menos empático discurso do Estado da União alguma vez feito. Foi uma vergonha para o nosso país”, acusou.

O antigo líder norte-americano, que governou os Estados Unidos entre 2017 e 2021, também falou da abordagem de Joe Biden a assuntos considerados como os mais preponderantes para a base do Partido Republicano, como a imigração na fronteira com o México, a inflação ou o estado de saúde do Presidente.

“Ele mal falou da imigração ou da pior fronteira na história do mundo. Ele nunca vai resolver a imigração, nem o quer fazer. Ele quer que o nosso país seja invadido por migrantes. O crime vai aumentar para níveis nunca antes vistos”, protestou Trump, repetindo as palavras xenófobas contra refugiados e migrantes que têm pautado os seus comícios e que já foram comparadas por historiadores às expressões usadas por Adolf Hitler, o ditador nazi.

Biden falou diretamente sobre Trump na altura de comentar a guerra na Ucrânia, acusando o ex-Presidente de “fazer uma vénia” a Vladimir Putin quando disse que ia “encorajar” a Rússia a atacar países da NATO que não cumprissem com a meta de investimento em defesa.

Para o candidato republicano, “Putin apenas invadiu a Ucrânia porque não tem qualquer respeito por Biden”. “Tal nunca aconteceria sob a Administração Trump, e durante quatro anos não aconteceu”, argumentou.

A condição física dos dois candidatos à Presidência mais velhos na história do país também não escapou nem do discurso de Biden, nem das publicações de Trump. Numa altura em que muitos eleitores mostram preocupação com a avançada idade de ambos, Biden declarou que “a questão não é a idade” dos candidatos, “mas quão velhas são as nossas ideias”.

Trump, que tem 77 anos e é apenas quatro mais novo que Biden, optou por uma abordagem menos política. “A história é que ele conseguiu aguentar, ainda está a respirar e não tiveram de o retirar numa camisa de forças”, atirou, comentando ainda que o adversário “tossiu a noite toda”.

O Presidente evitou ao máximo recordar Trump pelo seu próprio nome; aliás, segundo a transcrição do discurso disponibilizada no site da Casa Branca, Biden preferiu usar a palavra “antecessor” e fê-lo 13 vezes. Esta é já uma estratégia de campanha do candidato à reeleição, que tem evitado identificar Donald Trump nas suas intervenções, para criar alguma distância simbólica para o seu provável adversário nas presidenciais de novembro.

As queixas de Trump surgiram aos soluços, já que, como notou a Forbes, a sua plataforma sofreu vários problemas técnicos pouco depois do início do discurso, que começou por volta das 21h00. O site Downdetector, que monitoriza problemas técnicos na internet, registou mais de três mil incidentes pelas 21h30 e os fiéis apoiantes do antigo presidente, que entraram em massa no espaço para ler as suas considerações em direto, assistiram antes a vários apagões e ecrãs num eterno “loading”.

Tudo indica que Joe Biden e Donald Trump vão disputar entre si a Casa Branca nas eleições presidenciais de novembro deste ano. Biden tem feito caminho sem concorrência praticamente nenhuma no Partido Democrata, enquanto que no Partido Republicano, todos os outros candidatos já desistiram, deixando Trump sozinho na corrida.

Segundo o agregador de sondagens do site FiveThirtyEight, o atual Presidente norte-americano surge ligeiramente à frente do adversário, mas ainda são muitas as projeções que dão a vitória ao conservador.

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