Biden pede eleição rápida do próximo líder da Câmara dos Representantes

O Presidente dos Estados Unidos Joe Biden pediu esta terça-feira uma eleição rápida do próximo líder da Câmara dos Representantes, após a destituição do republicano Kevin McCarthy, cenário inédito na história do Congresso norte-americano.

"Como os desafios urgentes do nosso país não podem esperar, [o Presidente] espera que a Câmara [dos Representantes] eleja rapidamente um novo líder", destacou a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, em comunicado.

Depois de um debate tenso entre os conservadores na câmara baixa, 216 congressistas eleitos votaram pela destituição de McCarthy, incluindo oito republicanos, contra 210.

O congressista Matt Gaetz, republicano da Florida, apresentou a moção para destituir o líder da câmara baixa, reunindo críticos republicanos conservadores e muitos democratas que dizem que McCarthy é indigno de estar na liderança.

Embora McCarthy tenha anunciado esta terça-feira que estava confiante de que tinha apoio suficiente para continuar a liderar, a sua 'sorte' mudou depois do líder da minoria democrata, Hakeem Jeffries, ter instruído os membros da sua bancada a votarem pela sua destituição.

Imediatamente após este resultado inédito, um sorridente Kevin McCarthy foi rodeado por membros do seu partido, que o abraçaram e apertaram a sua mão.

Os republicanos tinham reunião prevista para as 18:30 (23:30 de terça-feira em Lisboa), para chegar a um acordo sobre um novo candidato, que pode ser inclusive o próprio McCarthy.

Mas o republicano indicou esta terça-feira à noite, aos membros do seu partido, que não concorrerá novamente à liderança da Câmara dos Representantes, de acordo com a agência Associated Press (AP).

"É do interesse deste país que tenhamos um 'speaker' melhor do que Kevin McCarthy", salientou Matt Gaetz, acrescentando que ninguém confiava no anterior líder e apontando "muitas promessas contraditórias."

Gaetz, que se opôs desde o início à nomeação de McCarthy como líder, ameaçou durante meses ativar o processo para destituí-lo do cargo e essa ameaça acelerou no fim de semana passado, depois de McCarthy ter confiado nos votos democratas para evitar uma paralisação governamental, com a aprovação de uma lei que prolonga o financiamento para questões fundamentais por 45 dias.

McCarthy também é acusado pela direita radical de ter concluído um "acordo secreto" com o Presidente Joe Biden sobre um possível envelope de ajuda para a Ucrânia.

A ala direita do Partido Republicano opõe-se fortemente à libertação de fundos adicionais para Kiev, acreditando que esse dinheiro deveria ser utilizado para combater a crise migratória na fronteira entre os Estados Unidos e o México.

As lutas internas no Partido Republicano levaram o ex-presidente Donald Trump reagir: "Porque é que os republicanos gastam o seu tempo a discutir entre si, porque é que não lutam contra os democratas de esquerda radical que estão a destruir o nosso país?", questionou na sua rede social Truth Social.

A presidência interina está agora a cargo do congressista Patrick McHenry, representante do 10.º distrito da Carolina do Norte e conhecido por ter sido um dos principais negociadores conservadores do aumento do teto da dívida nacional.

Apenas dois outros líderes da Câmara dos Representantes foram submetidos a uma moção deste género no último século, ambas sem sucesso: os republicanos Joseph Cannon em 1910 e John Boehner em 2015.