EUA

Eleições nos EUA. 'App' usada por campanha de Trump conseguia vigiar comportamentos de utilizadores

Eleições nos EUA. 'App' usada por campanha de Trump conseguia vigiar comportamentos de utilizadores
CARLOS BARRIA/REUTERS

Esta aplicação para 'smartphone' também possibilita à candidatura do ainda chefe de Estado norte-americano comunicar com as cerca de 2,8 milhões de pessoas que a descarregaram

O 'staff' da candidatura da reeleição do ainda Presidente dos Estados Unidos utilizava uma aplicação para 'smartphone' que permitia controlar os movimentos dos apoiantes de Donald Trump, e possibilitava também o acesso às redes sociais.

Apesar da campanha eleitoral estar ultrapassada, ainda que a candidatura de Trump continue a recusar reconhecer a derrota, esta 'app' ainda é utilizada, por exemplo, para financiar os processos que procuram reverter o resultado das presidenciais.

Esta aplicação para 'smartphone' também possibilita à candidatura do ainda chefe de Estado norte-americano comunicar com as cerca de 2,8 milhões de pessoas que a descarregaram, e ainda, se os utilizadores permitirem, aceder à lista de contactos de cada pessoa.

Depois de instalada, a aplicação consegue também obter informações sobre o comportamento dos utilizadores e alterar a ordem de cabeçalhos de notícias.

A Associated Press (AP) dá conta também de que a empresa responsável pelo software estava em dificuldades financeiras e que recebeu apoio financeiro da candidatura de Trump e também da administração da Casa Branca, de acordo com entrevistas feitas a antigos funcionários e à consulta de documentação financeira e judicial.

A Phunware Inc. sediada em Austin, no Texas, não tem grande cotação na bolsa, mas pagou recentemente 4,5 milhões de dólares à Uber na sequência de um acordo entre as duas empresas a propósito de queixas sobre publicidade fraudulenta.

Em abril, a empresa recebeu um empréstimo de cerca de 2,9 milhões de dólares por causa das ajudas estatais anunciadas para mitigar os efeitos económicos decorrentes da pandemia, enquanto estava a desenvolver a aplicação para a campanha republicana.

De acordo com Adav Noti, antigo procurador da Comissão Eleitoral Federal, esta aplicação, cuja atividade diminuiu recentemente, consegue adquirir os contactos dos utilizadores, os endereços IP e a localização em tempo real de quem a descarregou.

Há um crescente receio de que estes dados possam ser adquiridos por empresas terceiras e utilizados.

"É totalmente possível comprar estes dados e a campanha também os pode vencer, a pergunta mais complicada é quanto é que será necessário pagar", explicitou Noti.

A Phunware recusou, no entanto, responder a quaisquer questões colocadas pela AP sobre a aplicação para 'smartphone', a situação financeira da empresa, a cultura interna e a relação que tem com a candidatura de Trumo.

"A Phunware não tem qualquer papel no processo constitucional associado às eleições nos Estados Unidos a qualquer nível... E também não tem qualquer papel no conteúdo criado ou utilizado pelos nossos clientes especificamente para o nosso software", explicitou o diretor executivo da empresa Alan Knitowski através de um email.

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