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EUA. Passada a era exclusiva das segundas-damas, o que chamar ao marido de Kamala Harris?

Doug Emhoff acompanha a mulher, no momento em que Kamala Harris foi apresentada como candidata democrata à vice-presidência, a 12 de agosto, em Wilmington, Delaware
Doug Emhoff acompanha a mulher, no momento em que Kamala Harris foi apresentada como candidata democrata à vice-presidência, a 12 de agosto, em Wilmington, Delaware
Toni L. Sandys / Getty Images

A eleição de uma mulher para o cargo de vice-presidente dos Estados Unidos coloca um dilema ao protocolo: como designar formalmente o marido de Kamala Harris? Nos órgãos de informação e nas redes sociais, proliferam os palpites

Margarida Mota

Jornalista

Kamala Harris fez história nos Estados Unidos ao tornar-se a primeira mulher eleita para o cargo de vice-presidente (foi apenas a terceira escolhida para candidata por um dos dois grandes partidos). Em contagem decrescente para tomar posse — a 20 de janeiro, dia em que Joe Biden prestará juramento como Presidente —, esta conquista tem suscitado um dilema entre os norte-americanos: como tratar formalmente Douglas Emhoff, o advogado de 56 anos com quem Kamala, da mesma idade, está casada desde 2014?

Nas redes sociais proliferam os palpites. Segundo-homem? Segundo-marido? Vice-esposo? Segundo-cavalheiro? Diz a agência Associated Press que a opção recairá em “segundo-cavalheiro”, como complemento a “segunda-dama”, como têm sido designadas as esposas dos vice-presidentes. Há, porém, quem defenda que esta ocasião inédita deve ser aproveitada para eliminar de vez a terminologia dos cônjuges.

“Devemos deixar de dizer ‘primeira-dama’?”, questiona “The Lily”, publicação associada ao jornal “The Washington Post”. “Sem nenhum título predeterminado para Emhoff, talvez a Administração Biden vá por fim aposentar ‘segunda-dama’ e ‘primeira-dama’, trocando-os por algo mais radical. Talvez simplesmente ‘Sr. Emhoff’ e ‘Dr.ª Biden’”, para Doug e Jill, respetivamente cônjuges de Kamala Harris e Joe Biden.

Ouvida pela mesma publicação, Betty Caroli, autora do livro “First Ladies” (1987), defende: “Os títulos são ridículos. Já ninguém usa esses termos, exceto nas casas de banho”.

Hillary, Laura e Michelle mudaram o cargo

Quando estes termos começaram a ser usados, no século XIX, esperava-se que tanto a primeira como a segunda-dama fizessem aquilo que se esperava de uma qualquer dona de casa norte-americana: organizar eventos, tratar das decorações de Natal e aparecer sempre em público sorridente e bem vestida para cumprir uma agenda primordialmente social.

Nas últimas presidências, porém, umas e outras têm adotado abordagens radicalmente diferentes. Umas chamaram a si projetos próprios: Hillary Clinton dedicou-se à reforma do sistema de saúde, Laura Bush à literacia familiar e Michelle Obama abraçou a causa da obesidade infantil. Outras prosseguiram com as suas vidas profissionais: Jill Biden e Karen Pence, por exemplo, continuaram a ser professoras quando os maridos foram vice-presidentes do país.

Manifestação de carinho entre o “vice casal”, no palco onde Kamala Harris debateu com o seu opositor republicano, Mike Pence, a 7 de outubro, na Universidade do Utah, em Salt Lake City, Utah
ROBYN BECK / AFP / Getty Images

Doug Emhoff, advogado de sucesso, já fez saber que deixará de ser sócio do seu atual escritório de advocacia, em Los Angeles, antes de Kamala tomar posse. Quer impedir eventuais conflitos de interesses. Durante a campanha, Emhoff já pedira licença para poder envolver-se no combate político ao lado da mulher.

Harris é a segunda mulher de Emhoff do primeiro casamento tem dois filhos, do atual nenhum. No Twitter, o nova-iorquino descreve-se, entre outros, como “marido de Kamala Harris” e nas suas publicações não esconde a enorme admiração pela mulher. “Tão orgulhoso de ti”, escreveu no dia em que foi confirmada a vitória da dupla democrata nas eleições de 2020.

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