Já se percebeu que Donald Trump não vai facilitar a transição na Casa Branca: apesar da votação do colégio eleitoral ainda não ter oficializado a vitória de Joe Biden nas presidenciais, não parece haver mais estrada para o republicano, nem tão pouco se materializam indícios de fraude a larga escala nas eleições de 3 de novembro.
Mas, segundo avança o Washington Post esta quinta-feira, Joe Biden tem um plano: está a reunir uma vasta rede de pessoal com experiência em funções governamentais, para contornar os obstáculos que estão a ser criados pelo atual executivo, que continua a não reconhecer a sua derrota e está a tentar reverter judicialmente os resultados.
A equipa de Biden tem "ordens estritas" para não terem quaisquer contactos ou conversas com membros da atual presidência de Trump. Pelo contrário, os seus elementos estão a contornar a situação através de contactos com pessoas que saíram recentemente do Governo, e de forma quase secreta e sob anonimato. O bloqueio que Trump é agravado pelo facto de se viver uma situação crítica de pandemia, e que exige medidas rápidas para segurar a economia, além da situação sanitária.
"O problema torna-se muito mais grave à medida que o tempo passa", frisa Max Stier, presidente da Parceria de Serviço Público, organismo que assiste a transições presidenciais nos Estados Unidos.
Trump também está a barrar informação internacional relevante sobre desenvolvimento de vacinas e outras informações sanitárias. Para além disso, tem bloqueado as mensagens que líderes em todo o mundo estão a enviar ao Presidente eleito nos Estados Unidos. O Departamento de Estado a recusar-se a entregar estas mensagens à sua equipa de transição na Casa Branca.
Com uma carreira construída em Washington ao longo de décadas, Biden cultivou uma longa lista de amigos e de aliados com experiência federal, conforme frisa o "Washington Post". É desta rede que a equipa do Presidente eleito está a beneficiar para ter acesso a alguma informação "Já estamos a começar a transição, estamos a fazer o nosso caminho", é a garantia dada Joe Biden.
Chefe de gabinete é crítico da gestão da pandemia
Joe Biden anunciou também esta quarta-feira a nomeação do seu conselheiro Ron Klain, muito crítico da gestão da pandemia por Donald Trump, como chefe de gabinete na Casa Branca.
Biden frisou que Ron Klain tem sido um conselheiro "inestimável" e destacou o trabalho que realizaram em conjunto durante a crise económica de 2009 e o surto de Ébola em 2014.
"A sua vasta e variada experiência e capacidade de trabalhar com pessoas de todo o espectro político é precisamente aquilo de que preciso num chefe de gabinete da Casa Branca, quando enfrentamos este tempo de crise", acrescentou o Presidente eleito, que estabeleceu a luta contra a pandemia como uma das prioridades do seu governo.
Klain, advogado de profissão, foi seu chefe de gabinete nos primeiros anos como vice-presidente na administração Barack Obama (2009-2017), tendo coordenado igualmente a resposta da Casa Branca ao Ébola, em 2014. O político democrata tem sido um crítico severo da forma como Trump geriu a pandemia, menosprezando medidas de proteção e despistagem, como o uso de máscara e os testes em larga escala.
Klain é também um veterano dos 'corredores' do Capitólio, um ambiente que conhece bem, desde que trabalhou no gabinete de Biden no Congresso, quando era senador de Delaware, em 1989, depois de se formar pela Faculdade de Direito de Harvard. O agora chefe de gabinete do Presidente eleito, funções que também exerceu junto do ex-vice-presidente Al Gore, era visto há muito como a escolha mais provável para liderar a equipa de Biden na Casa Branca.
O democrata deverá anunciar nos próximos dias os seus principais colaboradores na Casa Branca.
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