Donald Trump continua a não aceitar os resultados eleitorais e tem agora a seu lado algumas vozes republicanas de peso, entre as quais a do líder da maioria no Senado. O senador Mitch McConnell considerou esta segunda-feira que o ainda Presidente está “100 por cento no direito” de contestar a eleição, exigindo recontagens de votos “de acordo com a lei”, e sublinhou que o país tem “as ferramentas e instituições necessárias” para lidar com a situação.
McConnell não fez eco das acusações lançadas por Trump, que tem alegado a existência de fraude eleitoral, mas no início do dia encontrou-se com o procurador-geral William P. Barr, junto de quem defendeu o direito de o Presidente querer ver investigadas todas as alegadas irregularidades.
Outros republicanos fizeram questão de manifestar o seu apoio a Donald Trump, incluindo os dois senadores americanos da Geórgia, que exigiram a renúncia do secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, também ele republicano, depois de o seu gabinete ter considerado não existirem indícios de fraude generalizada no estado.
Além deles, procuradores-gerais republicanos de cerca de uma dúzia de estados apoiam o processo legal pendente no Supremo que visa a rejeição dos boletins enviados pelo correio na Pensilvânia e que foram recebidos após o dia da eleição – um pequeno número de votos que as autoridades estaduais já disseram não serem suficientes para modificar o resultado.
Segundo o jornal “The Washington Post”, nos bastidores, conselheiros e aliados do Presidente estão cada vez mais resignados com a vitória de Biden, mas poucos estarão a tentar de facto dissuadi-lo – ou à sua equipa de campanha - de avançar para a contestação legal.
Na prática, têm prevalecido dois tons. A partir da Casa Branca, escreve o mesmo jornal, assessores descrevem um Presidente desanimado, ciente da dificuldade de reverter o resultado e até sem grande margem para pensar em voltar a candidatar-se em 2024; mas, publicamente, Trump prossegue combativo no Twitter, onde insiste que as votações na Geórgia, Wisconsin, Pensilvânia e Nevada foram manipuladas.
A recusa de aceitar a eleição de Joe Biden voltou a ser sublinhada pela porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, que esta segunda-feira acabou interrompida pela Fox News quando insistia na alegação de fraude. O canal transmitia a conferência de imprensa onde falava McEnany, mas acabou por retirar as imagens do ar.
“Temos de ser claros: ela está a acusar o outro lado de aceitar fraudes e uma votação ilegal. A menos que tenha mais detalhes para apoiar [as acusações], não posso continuar a mostrar isto”, afirmou Neil Cavuto, que conduzia a emissão.
Entretanto, William Barr autorizou, esta segunda-feira, investigações por “alegações substanciais” de irregularidades na contagem dos boletins de voto, antes da certificação das presidenciais, apesar da falta de provas de fraude.
Os procuradores federais poderão agora fazer investigações à contagem dos boletins de voto, algo que não era permitido normalmente até a eleição estar certificada, ou seja, até Biden ser reconhecido formalmente como o 46.º Presidente dos Estados Unidos.
O memorando enviado por Barr aos procuradores, ao qual a Associated Press teve acesso, diz que investigações “poderão ser conduzidas se houver alegações claras e aparentemente credíveis de irregularidades que, a serem verdade, poderão impactar o resultado da eleição” ao nível federal num determinado estado.
Os estados têm até ao dia 8 de dezembro para resolver as disputas eleitorais, incluindo as recontagens e contestações judiciais.
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