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O homem que mal consegue falar e o que falhou ao seu povo. Um olhar português na campanha dos EUA

Joe Biden e Donald Trump, no último frente a frente antes das eleições de 3 de novembro
Joe Biden e Donald Trump, no último frente a frente antes das eleições de 3 de novembro
Jim Bourg / Getty Images

Lori, Jim e Devin têm em comum a ascendência portuguesa mas são rivais nas campanhas de Trump e Biden

O homem que mal consegue falar e o que falhou ao seu povo. Um olhar português na campanha dos EUA

Paula Santos

Diretora-adjunta

“Estas são as eleições mais importantes da minha vida.” Por instantes, Lori Ann Loureiro Trahan troca o ritmo acelerado de um discurso bem oleado por uma pausa que se nota nas palavras e no olhar. “Nunca vi este país tão dividido. Acho que as pessoas estão fartas, os idosos estão assustados e os mais jovens desiludidos.” Lori Trahan, de 47 anos, foi eleita pelo Partido Democrata para a Câmara de Representantes dos Estados Unidos em 2018, depois de uma carreira no mundo empresarial. Chegou a interessar-se por política na juventude e tinha sido colaboradora do partido, mas acabou por se afastar durante dez anos até que a motivação renasceu em 2016: “Não acreditei que Donald Trump pudesse melhorar a vida das famílias de classe média trabalhadora, como a minha.” Para Lori Trahan, a escassez de mulheres na política foi outro fator determinante.

A lusodescendente é uma dos três congressistas de ascendência portuguesa nos Estados Unidos com quem o Expresso e a SIC conversaram esta semana, ao abrigo de uma parceria com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. Da mesma geração mas com mais anos de experiência política ao serviço do Partido Republicano, Devin Nunes tem o discurso de Trump na ponta da língua. Onde Lori vê um país separado pelas decisões de um mau Presidente, Devin encontra sinais de má governação nos estados de maioria democrata. É a forma de o congressista devolver as críticas à gestão americana da covid-19 colocando as decisões nas mãos dos governadores dos estados democratas. Devin Nunes sublinha os contrastes entre os estados que estiveram praticamente sempre “abertos” (de maioria republicana) onde as pessoas frequentam o comércio, a restauração, praticam desporto e levam os filhos à escola, e os outros estados, “fechados” à espera de um “inverno negro”, expressão que atribui a Joe Biden onde “os democratas andam a dizer que toda a gente vai morrer”. Nunes diz que nunca viu uma campanha assim onde “um tipo que mal sabe falar, Biden, está fechado numa cave de onde só sai uma ou duas vezes por semana”. Palavras duras para responder aos números pesados da covid que se colam a Donald Trump todos os dias.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: paulasantos@expresso.impresa.pt

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