EUA

Quem ganhou “o pior debate de sempre”? Os primeiros números apontam para Biden, mas poucos eleitores terão ficado esclarecidos

Preparativos para o primeiro debate eleitoral entre Donald Trump e Joe Biden, em Cleveland, Ohio
Preparativos para o primeiro debate eleitoral entre Donald Trump e Joe Biden, em Cleveland, Ohio
JONATHAN ERNST/reuters

O “day after” do confuso e barulhento primeiro debate presidencial norte-americano trouxe os primeiros inquéritos junto dos eleitores. O candidato do Partido Democrata parece ter resistido melhor ao caos, conquistado alguns apoiantes, e acabou a noite como campeão do Twitter. Mas as sondagens também mostram outra coisa: o que se passou esta terça-feira à noite não ajudou muito os eleitores a decidir

Quem ganhou “o pior debate de sempre”? Os primeiros números apontam para Biden, mas poucos eleitores terão ficado esclarecidos

Tiago Soares

Jornalista

Ainda os dois políticos não tinham entrado na arena quando o Presidente da Comissão de Debates Presidenciais dos EUA, Frank Fahrenkopf, estimou que 120 milhões de pessoas fossem ver o debate em todas as plataformas. Os números ainda não estão fixados, mas pelo menos os 900 espectadores que estiveram presentes em Cleveland na última noite viram o duelo protagonizado por Donald Trump e Joe Biden - que já está a ser apelidado como “o pior debate de sempre”.

Análises mais robustas estão a ser feitas, mas as primeiras sondagens aos espectadores parecem indicar que Joe Biden foi o que teve a prestação menos má. A da CNN, feita em parceria com a empresa SSRS, mostram que seis em cada dez pessoas dão a vitória a Biden, e os restantes dizem que Trump derrotou o adversário. Isto significa que Biden conquistou apoiantes porque, antes do início da discussão, 43% destes inquiridos esperava que o atual presidente saísse vencedor.

Biden também ganhou na confiança que conseguiu transmitir no meio do caos do confronto: os inquiridos pela CNN dizem que confiaram mais no candidato democrata em tópicos importantes como o sistema de saúde (66%), racismo (66%), a pandemia de covid-19 (64%), e as nomeações para o Supremo Tribunal (54%).

Apesar de tudo, quando questionadas sobre como os candidatos se saíram a falar de temas económicos, as pessoas que responderam à CNN deram respostas idênticas para ambos os candidatos: 50% dizem que Biden dominou melhor estes assuntos, e 48% apontam para Trump.

A CBS News, em parceria com a YouGov, levou a cabo uma sondagem com resultados mais equilibrados: 48% dos inquiridos garantem que o candidato democrata esteve melhor, e 41% apontam para o candidato republicano. E, aliás, só 24% dos espectadores ficaram com uma melhor opinião de Trump no final da noite, com 42% a verem diminuir a sua simpatia pelo atual presidente. Também aqui os números de Biden são melhores: 38% ficaram impressionado pela positiva, e 32% pela negativa.

Porém, a revista Newsweek revela um dado que pode jogar a favor de Trump na sociedade norte-americana: 66% dos cidadãos hispânicos que viram o debate em espanhol no canal Telmundo atribuíram a vitória ao atual presidente, e apenas 34% garantiram que Biden venceu.

Tamanha confusão parece ter tido pouca influência no sentido de voto dos eleitores norte-americanos. Na sondagem da CNN, 57% garantem que não mudaram de opinião sobre onde vão pôr a cruz em novembro - e para aqueles a quem o confronto foi útil, 32% dizem ter ficado inclinados para o lado de Biden, e apenas 11% para Trump.

Em parceria com o site de análise estatística Five Thirty Eight, o Instituto IPSOS mediu o pulso à rede social Twitter durante o debate e concluiu que tudo parece ter ficado na mesma: os sentimentos em relação aos dois políticos começaram positivos, mas acabaram bastante em baixo, com uma vantagem mínima para Biden. O candidato democrata acabou o confronto como o candidato mais mencionado no Twitter, apesar de Trump ter partido em vantagem.

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