Isabelle Christina nasceu num dos bairros mais desfavorecidos da periferia de S. Paulo onde a condição de mulher negra a condenaria a não conseguir imaginar muito mais do que vir a ter empregos ou biscates iguais aos que estão reservados aos negros brasileiros. Empregada de limpeza, como a mãe, que pegou nela e aproveitou as poucas folgas que o sistema oferece para levá-la a vingar. Uma primeira bolsa de estudo trocada por uma outra numa escola bem melhor fez que Isabelle, que sempre se viu como “o único feijão no prato de arroz”, esteja a meio caminho de formar-se em ciências da computação enquanto já trabalha na multinacional de tecnologia Oracle.
Tem apenas 19 anos e já leva mais de três anos de experiência a liderar uma organização não governamental, Instituto Meninas Negras, projeto que iniciou aos 13, quando se apercebeu que tinha conquistado uma das 22 bolsas de estudo disponíveis para um universo de 11 mil candidatos. E o que é dos outros, qual foi o destino deles? Para mudá-lo, mudou a sua vida e foi isso que contou na conferência “Transformar Mundos” no âmbito do evento da Fidelidade “Mudar”, que decorreu na Culturgest.
À beira da segunda volta das presidenciais brasileiras, Isabelle Christina considera este pleito o “mais importante de sempre”. Os poucos avanços sociais da recente democracia brasileira sofreram um retrocesso nos últimos quatro anos que faz temer pela ambição de tornar o Instituto Meninas Negras, atualmente com 120 jovens, uma realidade nacional no país-continente em que nasceu.
Artigo Exclusivo para assinantes
Assine já por apenas 1,63€ por semana.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: CPeres@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes