Eleições no Brasil

Votar Lula ou Bolsonaro: "Nenhum deles vai salvar o Brasil. Os próximos quatro anos vão ser muito difíceis”

28 outubro 2022 23:42

Banca com artigos associados aos candidatos Jair Bolsonaro e Lula da Silva, no Rio de Janeiro

ernesto benavides/getty images

Os brasileiros elegem este domingo o 39º Presidente. Quatro a seis pontos percentuais separam os candidatos nos estudos de opinião, e a única certeza que existe é que “o Brasil está dividido ao meio e os próximos quatro anos vão ser muito difíceis”. Questões fundamentais como a floresta amazónica e a guerra da Ucrânia ficaram fora da campanha: “O Brasil tem mantido posição ambígua em relação à guerra. Se Bolsonaro vencer, deverá manter-se essa ambiguidade. Se Lula vencer, o envolvimento internacional do Brasil vai aumentar, mas ainda não é claro quanto irá mudar a política externa”

28 outubro 2022 23:42

Se a experiência política dos candidatos determinasse o nível de uma campanha eleitoral, as presidenciais brasileiras viriam a ocupar um lugar de destaque em qualquer manual de ciência política: de um lado, o Presidente recandidato Jair Bolsonaro, 67 anos, deputado durante 27 (seis vezes reeleito), capaz de despertar ódios e paixões. Do outro lado, o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 77 anos, a disputar pela sexta vez uma corrida presidencial, primeiro operário eleito chefe de Estado do Brasil, cuja espontaneidade marcou um modo de fazer política e seduziu a comunidade internacional nos seus dois mandatos (2003-2011), a ponto de alguns lhe chamarem o “Obama brasileiro”. A experiência política dos candidatos não foi suficiente para evitar uma campanha recheada de incidentes que incluíram notícias falsas, tiros, agressões verbais e apelos ao boicote dos serviços profissionais de psicólogos, lojistas e advogados que apoiam Lula, como aconteceu em Rio Negro e Mafra, pequenas localidades nos estados do Paraná e Santa Catarina. O caso, que se repete um pouco por todo o país, está a ser investigado pelas autoridades policiais e a Ordem dos Advogados de Santa Catarina tomou posição.

“O Brasil está dividido ao meio, qualquer dos candidatos capta muitos votos de rejeição, e isso parece mais evidente no caso de Lula, que tem em seu redor uma frente muito ampla, que integra pessoas dos mais variados quadrantes partidários, que se juntaram contra Bolsonaro”, explica ao Expresso a investigadora Carmen Fonseca, do IPRI: “Mas a democracia corre mais riscos se Bolsonaro for reeleito do que se Lula for eleito. Os próximos quatro anos vão ser um período muito difícil. Nenhum deles vai salvar o Brasil”, acrescenta a docente de Relações Internacionais.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.