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Eleições no Brasil

“Votaria em qualquer um contra Bolsonaro, até numa porta. Ele representa um retrocesso de séculos”

“Votaria em qualquer um contra Bolsonaro, até numa porta. Ele representa um retrocesso de séculos”
Ricardo Nascimento

Ao longo desta semana, o Expresso publica vários retratos de brasileiros a residir em Portugal, para saber o que pensam sobre o Brasil de hoje, como encaram estas eleições presidenciais e em quem pensam votar. Pedro Vasconi é diretor de uma galeira de arte e vive em Loulé

Estou em Portugal, agora, desde abril, mas já tinha vivido cá em 2009 e 2010, quando estava a estudar. Depois vivi em Madrid e agora voltei para cá, para Loulé. A minha família é portuguesa. A minha mãe foi para lá.

Eu nasci em São Paulo. Quando saí do Brasil tinha várias possibilidades para ficar lá, mas saí para continuar os meus estudos. Não teve nada a ver com o êxodo de pessoas que se vê agora, provocado pela crise, aprofundada pelo governo do Bolsonaro. Uma crise que é também moral e ética.

Perante o paradigma Lula ou Bolsonaro, indubitavelmente voto Lula mas, neste momento, preferia qualquer um em vez do Bolsonaro. Até votaria numa porta. Como vivi em Madrid, o meu círculo eleitoral ainda é no consulado da capital espanhola e vou viajar até lá este fim de semana, de propósito para votar.

O Bolsonaro representa um retrocesso de séculos, um retrocesso nos direitos humanos em todos os sentidos. Um desgoverno político e económico. Há suspeitas de corrupção, há a compra de imóveis com dinheiro vivo. Ele apresenta uma retórica agressiva. Dá um apoio anacrónico a uma ditadura sanguinária que houve no Brasil. É contra os direitos LGBT. Para já não falar das questões ambientais. É uma figura que representa o contrário do que é o Brasil. O Brasil é um país pujante, enorme, rico, plural. Ele é o contrário.

Com os governos do Lula, ficou muito por fazer, mas ele tirou o Brasil da fome, fomentou o acesso geral aos bens de consumo, aumentou a educação pública. Foi o governo que criou mais universidades públicas desde os tempos da colonização.

Também teve problemas, problemas inerentes à política e cultura brasileiras. Mas permitiu o acesso e a abertura pública para que essas questões fossem investigadas. Estou a falar da corrupção que existe no Brasil mas, também, em todos os países do mundo.

Depois de todos estes anos a viver fora do Brasil, estou a pensar voltar um dia, o meu amor pelo Brasil não desapareceu, mas não para já. Para já estou focado em outros aspetos. Mas um dia penso voltar.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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