Exclusivo

Brasil

“Lula procura banqueiros e dá esmolas aos pobres, tal como Bolsonaro: o problema do Brasil não é a desigualdade, mas a mediocridade”

Roberto Mangabeira Unger
Roberto Mangabeira Unger
WENDERSON ARAUJO

A polarização no Brasil é, além da importação do fenómeno dos Estados Unidos, o resultado do malogro dos partidos de centro-esquerda, que não ofereceram respostas estruturais aos problemas da sociedade. Esses problemas não se resolvem apenas com redistribuição tributária - que, nesse caso, teria de ser gigantesca, podendo desorganizar a economia. Esta é uma das ideias desenvolvidas pelo filósofo brasileiro de Harvard Roberto Mangabeira Unger, que ao Expresso admite querer fazer parte de uma solução política para o Brasil, após a presidência de Lula, com quem já trabalhou num governo anterior. Hoje, nem com Bolsonaro recusa falar

Roberto Mangabeira Unger, filósofo e teórico social brasileiro que dá aulas na Escola de Direito de Harvard, nunca saiu realmente da cena política do seu país. Apesar de se ter desvinculado do Partido Democrático Trabalhista (PDT), do seu aliado Ciro Gomes, continua a tecer críticas à forma como o país tem sido liderado. “Os políticos ficam reduzidos a açucarar a ordem dominante”, diz ao Expresso, referindo-se tanto a Lula da Silva como a Jair Bolsonaro, que terão cedido ambos ao “rentismo” e ao “pobrismo”. Em entrevista ao Expresso, o antigo secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência de Lula e de Dilma Roussef garante que a solução é instaurar uma economia do conhecimento, e apela: as pessoas querem aventura. “Nós vamos namorar Cuba, Nicarágua, Venezuela, e encenar na política externa um terceiromundismo fora de época”, atira. “Importamos uma política venenosa para o Brasil, para dividir o povo e disfarçar os nossos problemas. As guerras culturais da direita são a política identitária da maioria da esquerda.” Ao Expresso, Mangabeira Unger deixa também a porta aberta para possíveis participações na vida política e explica o seu projeto.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate