China

China considera preconceituosas declarações do secretário-geral da NATO

Lin Jian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China
Lin Jian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China
VCG

O regime de Pequim garante “não contribuiu para o conflito na Ucrânia” e que “manteve uma posição objetiva e justa”, apesar das acusações da NATO sobre alegado apoio à Rússia

A China criticou hoje as recentes declarações do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que acusou Pequim de "apoiar a economia de guerra russa" contra a Ucrânia, considerando-as "cheias de preconceitos" e ideias da Guerra Fria.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lin Jian disse em conferência de imprensa que a "retórica agressiva" da cimeira da NATO "não reflete a realidade da política externa da China".

Lin afirmou que Pequim "não contribuiu para o conflito na Ucrânia e manteve uma posição objetiva e justa", "procurando ativamente soluções pacíficas e políticas, uma posição que foi reconhecida e apoiada pela comunidade internacional".

"A NATO, que celebra o seu 75. aniversário, tem procurado projetar-se como uma organização dedicada à paz, mas as suas ações passadas nos Balcãs, no Afeganistão e na Líbia contam uma história diferente, de intervenção e desestabilização", acrescentou o porta-voz, questionando a narrativa da aliança transatlântica que "pinta a China como uma ameaça", argumentando que a aliança militar ocidental "criou uma ansiedade de segurança que é muitas vezes o resultado das suas próprias ações".

Lin criticou a estratégia da NATO de "estabelecer um inimigo imaginário para justificar a sua expansão e poder" e defendeu que a aliança deveria "reconsiderar a sua abordagem em relação à China, que tem sido erradamente rotulada como um desafio sistémico".

Lin afirmou que a China já apresentou protestos oficiais à NATO por causa das declarações, às quais "se opõe fortemente".

O porta-voz rejeitou as acusações "sem fundamento" da aliança e sublinhou que a China "tem mantido uma posição construtiva" sobre a guerra na Ucrânia, em "contraste com a divulgação de informações falsas pela NATO".

O porta-voz instou a NATO a refletir sobre as "raízes" da atual crise e a ouvir as "vozes justas da comunidade internacional", ao mesmo tempo que apelou à aliança para não alargar a sua influência à região da Ásia -Pacífico.

Stoltenberg afirmou, em nome dos líderes da aliança reunidos em Washington, que "a China não pode facilitar o maior conflito na Europa na história recente sem afetar negativamente os seus interesses e reputação".

Desde o início do conflito, a China adotou uma posição ambígua em relação à guerra na Ucrânia, apelando ao respeito pela integridade territorial de todos os países, incluindo a Ucrânia, e ao respeito pelas "preocupações legítimas de segurança" de todas as partes, em referência à Rússia.

A posição da China reflete as crescentes tensões entre o país asiático e a NATO, que aumentaram nos últimos anos devido a fatores como o reforço militar da China, a sua crescente influência económica e a sua relação com a Rússia.

Em maio passado, durante uma visita à Sérvia no âmbito da sua digressão europeia, o Presidente chinês Xi Jinping prometeu "nunca esquecer" o bombardeamento da embaixada chinesa em Belgrado pela NATO, em 1999.

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