A nova primeira-ministra do Nepal, Sushila Karki, comprometeu-se a responder às reivindicações dos manifestantes que exigem "o fim da corrupção", depois dos violentos distúrbios no início da semana que levaram o seu antecessor a demitir-se.
"Temos de trabalhar em sintonia com o pensamento da geração Z (...). O que este grupo exige é o fim da corrupção, boa governação e igualdade económica", afirmou Sushila Karki, antiga presidente do Supremo Tribunal, de 73 anos, nas primeiras declarações públicas desde que assumiu o cargo na sexta-feira. Acrescentou que ela e o seu governo interino não ficarão "mais do que seis meses", estando eleições legislativas previstas para 5 de março de 2026.
Entretanto, o embaixador dos Estados Unidos no Nepal, Dean R. Thompson, saudou este domingo o restabelecimento da calma no Nepal depois dos protestos que levaram à renúncia do ex-primeiro-ministro, K.P. Sharma Oli, e nos quais pelo menos 51 pessoas morreram, e manifestou a disposição do seu país para trabalhar com o novo governo interino nepalês.
"Saudamos o restabelecimento da calma e uma resolução pacífica após os trágicos acontecimentos da semana passada", disse o embaixador numa mensagem publicada no seu perfil na rede social X. Thompson acrescentou que Washington espera "trabalhar com o governo interino nos próximos meses, enquanto se preparam para novas eleições".
O embaixador elogiou o presidente nepalês, Ram Chandra Poudel, e os líderes do movimento juvenil "Geração Z" "pelo seu compromisso com uma solução democrática". "Reconhecemos o Exército do Nepal (...) pelo seu papel fundamental na restauração da ordem e em facilitar uma transição pacífica para um governo civil", acrescentou Thompson.
O Nepal viveu esta semana uma onda de protestos anticorrupção liderados por jovens, que foram avivados pelo veto imposto pelo anterior Executivo nepalês a várias redes sociais no país.
As manifestações precipitaram a demissão do ex-primeiro-ministro Sharma Oli, próximo da China, e a chegada ao poder na sexta-feira passada, como primeira-ministra interina, da ex-presidente do Supremo Tribunal Sushila Karki, de 73 anos, que se tornou a primeira mulher chefe de governo no Nepal.
Durante os protestos, pelo menos 72 pessoas morreram, cerca de mil ficaram feridas e o Parlamento do Nepal, residências de autoridades e sedes de partidos políticos foram incendiados.
Membros da "Geração Z", um movimento sem líderes claros e que se organizou principalmente através da plataforma Discord, poderiam agora entrar no gabinete de Karki, cujos integrantes devem ser conhecidos nas próximas horas.
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