Sob a liderança de Kim Jong-il (1994-2011), a Coreia do Norte tomou medidas práticas para desenvolver o sector turístico: melhorou instalações, modernizou linhas ferroviárias, forneceu guias de comboio, assinou acordos com a China para facilitar os procedimentos de entrada e levantou restrições. Kim Jong-un, seu filho e atual líder do país asiático, estava a envolver-se ainda mais neste esforço, até que a pandemia de covid-19 e a deterioração das relações com os Estados Unidos lhe perturbaram os planos.
A abertura, há dias, da zona turística costeira de Wonsan-Kalma, com alojamento para quase 20 mil hóspedes que podem nadar no mar, praticar desporto e comer em restaurantes e cafés no local, começou a inverter as perspetivas de isolamento. Como aponta o académico Robert Calin, especialista em assuntos da Coreia do Norte e antigo representante das delegações americanas que negociavam com Pyongyang, “o projeto Kalma não deve ser visto como um empreendimento isolado, mas como parte de uma abordagem mais ampla, até porque o regime se tem dedicado também ao turismo interno”.
A área turística costeira prolonga-se pelos quatro quilómetros de praia da península de Kalma. A orla costeira está rodeada por cerca de 400 edifícios, incluindo hotéis e outras comodidades culturais e comerciais, como um parque aquático, ginásio, sala de concertos, restaurante, oficina de automóveis, lavagem de carros e cervejaria. O potencial para a fantasia costeira tinha sido detetado, em parte, por Donald Trump.
Quando o Presidente dos Estados Unidos se encontrou com Kim, para uma cimeira histórica em 2018, tentou antever um futuro promissor a que a Coreia do Norte pudesse aspirar. “Por exemplo, têm praias maravilhosas. Vê-se isso sempre que disparam os seus mísseis para o oceano. Eu disse: ‘Sabem, em vez de fazerem isto, podiam ter os melhores hotéis do mundo ali mesmo’.’” Entretanto, as negociações sobre o nuclear entre ambos acabaram por falhar.
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