Ásia

Coreia do Norte anuncia que colocou em órbita o seu primeiro satélite militar espião

Imagem da base aérea de Sohae, de onde terá sido lançado o mais recente satélite espião norte-coreano
Imagem da base aérea de Sohae, de onde terá sido lançado o mais recente satélite espião norte-coreano
AFP/Getty Images

Anúncio oficial gerou críticas de Seul e Washington. Coreia do Sul suspendeu acordo militar com o Norte firmado em 2018

A Coreia do Norte garantiu esta quarta-feira que colocou em órbita, com êxito, o seu primeiro satélite militar espião. O lançamento fora detetado, na véspera, por Seul e Tóquio. “O foguete espacial Chollima-1 voou normalmente ao longo de sua trajetória predefinida e colocou com precisão o satélite ‘Malligyong-1’ em órbita [...] 705 segundos após seu lançamento”, informou a agência estatal norte-coreana KCNA.

O alegado lançamento bem-sucedido de Pyongyang surge depois duas tentativas fracassadas em maio e agosto, noticiou a agência espanhola Efe. A assistir esteve o líder norte-coreano Kim Jong-un, acrescenta a KCNA.

A Coreia do Norte defendeu a colocação em órbita do seu satélite como exercício do direito legítimo de reforçar as suas capacidades defensivas. Promete lançar mais dispositivos deste tipo “a curto prazo”, segundo a nota da KCNA, citada pela agência sul-coreana Yonhap. A mesma fonte de Pyongyang acrescentou que o lançamento “dará um contributo significativo para fortalecer definitivamente as capacidades de guerra das forças armadas” do país.

O exército sul-coreano relatara, terça-feira, ter identificado “o que a Coreia do Norte afirma ser um satélite de reconhecimento militar”, o qual foi “lançado na direção sul da área de Tongchang-ri, no noroeste do país, onde está localizada a base de lançamento de Sohae”.

O lançamento provocou a ativação por alguns minutos do sistema nacional antimísseis do Japão, através do qual foi enviada uma mensagem aos habitantes da província de Okinawa (sudoeste), alertando para o “aparente lançamento de um míssil da Coreia do Norte” e recomendando “a proteção dentro de um edifício ou no subsolo”.

Fontes ocidentais admitem que a Coreia do Norte tenha contado com assistência tecnológica e aconselhamento de Moscovo, na sequência da cimeira realizada em setembro entre Kim e o Presidente russo Vladimir Putin, que serviu para cimentar um acordo que visa a cooperação e o comércio entre os países de âmbito militar e aeroespacial.

Alertas da Casa Branca

Seul, Washington e Tóquio condenaram o lançamento e sublinharam que se trata de uma violação das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que proíbem estas trocas, e também o lançamento de foguetes espaciais por Pyongyang, considerando que se trata da utilização de tecnologia secreta para mísseis balísticos intercontinentais (ICBM).

A Coreia do Sul anunciou a suspensão parcial de um acordo militar celebrado em 2018 com o Norte, o qual criou zonas-tampão ao longo das fronteiras terrestres e marítimas e zonas de exclusão aérea, para evitar confrontos acidentais, confirmou um porta-voz do governo de Seul à agência de notícias France-Presse. “O Ministério da Defesa deve notificar a Coreia do Norte, mas, como as linhas de comunicação estão cortadas, irá simplesmente anunciá-lo”, acrescentou.

O acordo de 2018, alcançado durante uma breve aproximação a Kim do então Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, suspendeu as atividades de vigilância aérea e os exercícios de tiro real ao longo da fronteira.

Também os Estados Unidos condenaram o lançamento norte-coreano. Asseguram que ajudarão a garantir a segurança da Coreia do Sul e do Japão. A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson, disse em comunicado que esta iniciativa é “uma violação flagrante de múltiplas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, aumenta as tensões e corre o risco de desestabilizar a região”.

“A porta para a diplomacia não fica fechada, mas Pyongyang deve parar imediatamente com as suas ações provocatórias”, acrescentou Watson. “Pedimos a todos os países que condenem este lançamento e peçam à Coreia do Norte que se junte à mesa para negociações sérias.” Garante que os Washington tomará “todas as medidas necessárias para garantir a segurança do território nacional dos Estados Unidos e a defesa da Coreia do Sul e do Japão”.

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