O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês foi removido do cargo, no dia em que se assinala um mês da sua ausência da esfera pública. O afastamento de Qin Gang foi noticiado pela agência estatal chinesa Xinhua esta terça-feira, sem serem dados detalhes sobre o motivo ou sobre a sua localização. “O Presidente Xi Jinping assinou uma ordem presidencial para efetivar a decisão”, escreve a agência.
Será substituído pelo chefe da política externa do Partido Comunista Chinês, Wang Yi, que ocupou anteriormente o cargo.
A decisão foi tomada numa reunião urgente da Comissão Permanente do Congresso Nacional do Povo, convocada na segunda-feira e que gerou expectativas de que fossem conhecidos detalhes sobre a situação de Qin Gang. A última vez que apareceu em público foi a 25 de junho de 2023, quando teve encontros com representantes do Sri Lanka, Rússia e Vietname.
A sua ausência da esfera pública e a sua substituição em encontros diplomáticos de topo gerou especulação, mas Pequim não deu pormenores sobre a situação. Anteriormente, uma porta-voz do ministério respondeu apenas “não tenho informação” quando questionada sobre o estatuto de Qin e quando retomaria funções. Além disso, as transcrições em inglês das conferências de imprensa divulgadas pelo MNE chinês não incluíram as referência às questões sobre Qin.
Ja Ian Chong, professor no departamento de ciência política da Universidade Nacional de Singapura, indica que nos sistemas da República Popular da China e do Partido Comunista da China “a liderança pode fazer qualquer coisa a qualquer momento”.
“Ainda não há explicação sobre as razões para a remoção de Qin Gang. Isto destaca a opacidade e aparente arbitrariedade do sistema RPC/PCC”, disse em resposta escrita ao Expresso.
Em antecipação da reunião, o analista Neil Thomas observou no Twitter que o anúncio de que o encontro da Comissão era apenas de um dia “é raro” e poderia sugerir que se relacionava com Qin Gang. “Se remover Qin de ministro dos Negócios Estrangeiros e/ou de conselheiro de Estado, saberemos que tem problemas de saúde ou outros”, indicou.
Com 57 anos, Qin chegou a ministro dos Negócios Estrangeiros em dezembro, depois de ter sido embaixador nos Estados Unidos durante apenas 17 meses. Apesar de ter sido afastado do cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros, não há referência a que tenha deixado a sua posição como conselheiro Estatal, para a qual foi nomeado em março deste ano.
A Comissão Permanente do Congresso Nacional do Povo realizou ainda outro anúncio: Pan Gongsheng foi nomeado governador do banco central.
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