Ásia

Tribunal do Japão ordena que Hakamada volte a ser julgado: o japonês tinha sido condenado à morte nos anos 1960

Tribunal do Japão ordena que Hakamada volte a ser julgado: o japonês tinha sido condenado à morte nos anos 1960
The Asahi Shimbun

Em 1966, Hakamada foi acusado de roubo, fogo posto e de ter assassinado o seu chefe, a mulher e os dois filhos. Na altura, Hakamada terá sido vítima de agressão por parte da polícia japonesa para confessar o crime. Depois de quase 50 anos no corredor da morte, terá agora direito a um novo julgamento

Cátia Barros

Jornalista

O Supremo Tribunal de Tokyo solicitou, esta segunda-feira, um novo julgamento a Iwao Hakamada, o condenado que está há mais tempo no corredor da morte. Hakamada, acusado do homicídio de quatro pessoas nos anos 60, passou quase 50 anos no corredor da morte e agora terá nova oportunidade para provar que é inocente.

"Hakamada não pode ser identificado como o culpado", disse à CNN Kiyomi Tsunagoe, advogada do detido. Segundo a advogada, o tribunal de Tóquio confirmou a decisão de não voltar a colocar Hakamada atrás das grades, uma vez que ele poderá ser considerado inocente. "O caso de Hakamada é conhecido a nível mundial, e sempre existiu o risco de ele poder ser mandado de volta para a prisão e enfrentar novamente a pena de morte, apesar das provas apontarem para a sua inocência", refere a advogada.

Em 1966, Hakamada foi acusado de roubo, fogo posto e de ter assassinado o seu chefe, a mulher e os dois filhos. A família foi esfaqueada até à morte, tendo sido posteriormente encontrada na sua casa incendiada em Shizuoka, no centro do Japão.

Apesar de Hakamada ter admitido o crime, anos mais tarde disse ter sido vítima de agressões por parte das autoridades japonesas que o obrigaram a confessar. Em 2014, análises de ADN provaram a sua inocência, uma vez que o sangue encontrado em diversas provas não pertencia a Hakamada. Libertado nesse mesmo ano, foi-lhe concedido o direito a um novo julgamento, o que só acontecerá em 2023.

"Esta decisão significa uma oportunidade há muito esperada de fazer justiça a Iwao Hakamada, que passou mais de meio século condenado a uma pena de morte, apesar da injustiça flagrante do julgamento que determinou a sua condenação", declarou Hideaki Nagawa, diretor da Amnistia Internacional do Japão.

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