Angola

Quatro mortos e mais de 500 detenções em Luanda: capital acordou calma após dia de violência e suspensão da greve dos taxistas

Greve de taxistas, em Luanda, após aumento do preço dos combustíveis
Greve de taxistas, em Luanda, após aumento do preço dos combustíveis
AMPE ROGERIO

Capital angolana amanheceu sem agitação um dia depois de tumultos ocorridos durante a greve convocada pela Associação Nacional dos Taxistas de Angola – e entretanto cancelada

Quatro mortos e mais de 500 detenções é o balanço provisório apresentado pela Polícia Nacional angolana, após a paralisação decretada pelos taxistas em Luanda, marcada por atos de vandalismo, pilhagens e violência.

O porta-voz da Polícia Nacional, o subcomissário Mateus Rodrigues, disse aos jornalistas que é estável a situação de segurança pública na capital angolana, indicando que foram vandalizadas 45 lojas, 25 viaturas particulares, 20 autocarros públicos e três agências bancárias.

Estamos a verificar o regresso à normalidade, graças ao trabalho que foi feito ontem [segunda-feira] durante o período da tarde e da noite, disse Mateus Rodrigues, sublinhando a abertura das principais vias – onde se registaram atos de vandalismo –, nas últimas 24 horas, a remoção dos obstáculos colocados nas estradas, impedindo a livre circulação de pessoas.

Segundo Mateus Rodrigues, registam-se hoje ainda alguns focos desordem nalguns pontos, onde indivíduos com as mesmas intenções daqueles que perpetraram algumas ações, mas estão a ser repelidos de forma exemplar.

Taxistas demarcam-se de vandalismo e cancelam greve

A Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA) demarcou-se ontem dos atos de vandalismo praticados por oportunistas contra pessoas inocentes, bens públicos e privados, no âmbito da paralisação dos taxistas em Luanda – e anunciou a suspensão da greve.

A ANATA, em comunicado, afirma que os atos de vandalismo, pilhagem de armazéns e instituições, arruaça, barricadas e danificação de viaturas públicas e privadas foram praticados por oportunistas não associados à organização.

Segundo a associação dos taxistas, a paralisação pacífica, ordeira, serena e silenciosa, agendada entre 28 e 30 de julho, com o lema fica em casa, foi convocada há mais de 20 dias pelas plataformas das associações e cooperativas de taxistas e que, depois do diálogo mantido com o governador de Luanda, foi cancelada.

A capital angolana registou episódios de violência, saques e barricadas nas primeiras horas de segunda-feira, na sequência da greve convocada pelos taxistas contra a subida do combustível e da tarifa de táxi, facto que motivou a intervenção da polícia angolana com vários meios de dissuasão para travar os protestos.

Para evitar que indivíduos estranhos à classe e aproveitadores, com fins inconfessos, continuem a perturbar a paz social, a ANATA e demais associações e cooperativas reiteram que a paralisação antes anunciada foi cancelada.

Apelam aos taxistas para continuarem a exercer o seu trabalho com normalidade e sublinham que terça-feira será um dia normal de trabalho, augurando que o retorno à atividade seja feito com serenidade, urbanidade e disciplina.

Asseguram ainda abertura ao diálogo com as autoridades para a melhoria das condições da atividade de táxi.

Cidade amanhece sem comércio

Luanda amanheceu hoje sem a habitual agitação, com ruas vazias, comércio encerrado e ausência quase total de táxis e mototáxis, denunciando um cenário tenso após os tumultos registados na segunda-feira.

Na sequência da violência que marcou o primeiro dia da greve convocada por taxistas contra o aumento dos combustíveis, a capital angolana vive esta terça-feira num estado aparentemente letárgico, como em dias de pandemia, constatou a Lusa em vários locais.

O silêncio domina as principais avenidas, onde normalmente circulam milhares de veículos e mototáxis, os meios de transporte mais usados pela população, mas a visibilidade da polícia, relatos de tiroteios e pilhagens, bloqueios de estradas revelam que a tensão permanece.

Estabelecimentos comerciais, bancos e diversas instituições mantiveram hoje as portas fechadas e muitas empresas optaram por colocar os funcionários em regime de teletrabalho, temendo pela segurança, após os episódios de pilhagem, barricadas e vandalismo ocorridos no dia anterior.

Hoje, continua a ser visível o reforço policial nas ruas, com presença de viaturas militares em pontos estratégicos.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate