O ministro do Interior da Venezuela anunciou que o partido no poder está a preparar-se para passar à luta armada para preservar a independência e soberania do país, perante as ameaças dos Estados Unidos.
"Realizámos o congresso, a plenária do nosso partido e nessa plenária, estabelecemos algumas principais tarefas que foram atribuídas ao partido, no âmbito da defesa integral da nação prevista na Constituição, é a transição da luta não armada para a luta armada no esquema claro de duas linhas centrais de trabalho: uma a resistência ativa prolongada, e a outra a ofensiva permanente", disse Diosdado Cabello, na segunda-feira.
Cabello falava durante a conferência de imprensa semanal do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), transmitida pela televisão estatal venezuelana.
"E o partido assume estas diretrizes como tarefas imediatas que se refletiram nas assembleias das comunidades que ocorreram no domingo", disse o ministro, precisando que receberam 47 mil contribuições das equipas políticas do PSUV e que as assembleias das comunidades vão continuar.
"E no sábado, [realizou-se] outro grande exercício. São exercícios reais, pois o povo vai aos quartéis, para partilhar com os soldados, mas também para receber formação, dentro do método tático de resistência revolucionária de armas de fogo, camuflagem e primeiros socorros", disse o ministro.
Cabello sublinhou que o povo venezuelano está a preparar-se.
"Como disse o irmão Presidente [Nicolás Maduro], a máxima pressão da parte deles, máxima preparação da nossa parte. A máxima pressão da parte deles, máxima organização da nossa parte", frisou.
Segundo o ministro, o povo sabe que, na independência, soberania e preservação da Venezuela, "está em jogo a independência e a soberania de todas a Caraíbas e da América".
"É por isso que nos atacam, é por isso que querem invadir-nos, assediar-nos, e nós estamos prontos e preparados. [Somos] um povo decidido a preservar a nossa independência e a nossa soberania no âmbito da Constituição e da lei. E, como já dissemos, na hora de defender a Pátria vale tudo, tudo, menos fazer-se de idiota. Não há nada como a Pátria, não há nada como a independência do nosso país e vamos defendê-la contra quem for, quando for e como for", disse Cabello.
As tensões entre a Venezuela e os EUA aumentaram em agosto, depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter ordenado o envio de navios de guerra para as Caraíbas, para águas internacionais próximas do país sul-americano, citando a luta contra os cartéis de drogas da América Latina.
Na semana passada, Trump anunciou que os Estados Unidos tinham atacado um"barco que transportava droga", matando 11 "narcoterroristas", dizendo tratar-se de membros do Tren de Aragua, um cartel venezuelano estabelecido em vários países e classificado como organização terrorista pelo Presidente norte-americano.
Na segunda-feira, Trump afirmou que um segundo ataque militar dos Estados Unidos visou "narcoterroristas" da Venezuela em águas internacionais, fazendo três mortos.
Os Estados Unidos acusam o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar o Cartel dos Sois, de tráfico de droga e recentemente aumentou a recompensa por informações que levem à sua captura para 50 milhões de dólares (cerca de 43 milhões de euros).
Nicolás Maduro denunciou a presença militar norte-americana junto à costa venezuelana e negou qualquer ligação com o narcotráfico.
Nas últimas semanas, Maduro apelou à população para que se aliste na milícia, um corpo altamente politizado, criado pelo falecido presidente Hugo Chávez, assim como anunciou um plano de defesa e o envio de 25.000 membros das forças armadas para as fronteiras.