Carro abalroa multidão em Munique e faz pelo menos 28 feridos, primeiro-ministro alemão promete expulsar alegado atacante

Dois dos feridos ficaram em estado grave. O condutor do veículo já era conhecido pela polícia por crimes de droga e roubo
Um carro atropelou um grupo de pessoas em Baviera, na cidade de Munique, na Alemanha, escreveu a Reuters, citando uma notícia do jornal alemão "Bild". Há pelo menos 28 feridos a registar, dois deles em estado grave e uma criança corre perigo de vida, de acordo com a polícia.
O condutor foi detido. Trata-se de um homem afegão de 24 anos e, segundo escreveu o “Bild”, citando fontes policiais, é um requerente de asilo que já era conhecido pela polícia por crimes de droga e roubo. O ministro-presidente da Baviera, Markus Söder, diz acreditar que se tratou de um ataque.
O condutor terá acelerado o carro e depois embatido contra uma manifestação ligada a uma greve organizada pelo sindicato Verdi, que contava com mais de mil pessoas. Para ajudar na investigação, a polícia montou um ponto de recolha de testemunhos.
O atropelamento ocorre a apenas um dia da Conferência de Segurança de Munique. O vice-presidente dos EUA, JD Vance, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, devem chegar ainda esta quinta-feira. Segundo a Reuters, o incidente ocorreu a cerca de 1,5 quilómetros do local da conferência, mas as autoridades não acreditam que o atropelamento esteja relacionado com o evento.
O atropelamento surge ainda quando a Alemanha se prepara para eleições legislativas, no próximo dia 23 de fevereiro.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, condenou hoje o "ato horrível" do alegado atacante e prometeu a sua expulsão da Alemanha.
"Este criminoso não pode contar com qualquer clemência. Deve ser punido e deve abandonar o país", disse o líder alemão.
O ministro da Justiça do estado, Georg Eisenreich, adiantou que o Ministério Público está a investigar o caso como um ato de extremismo e terrorismo.
O incidente de hoje acontece três semanas depois de um menino de dois anos e um homem terem sido mortos num ataque com uma faca em Aschaffenburg, também na Baviera.
O suspeito desse ataque era também um afegão, cujo pedido de asilo foi rejeitado, o que impulsionou a migração para o centro da campanha eleitoral alemã.
Antes do ataque em Aschaffenburg já tinham sido registados ataques com faca em Mannheim e Solingen, no ano passado, em que os suspeitos eram imigrantes do Afeganistão e da Síria, respetivamente --- neste último caso, também um requerente de asilo rejeitado.
Num atropelamento de um carro no mercado de Natal de Magdeburgo, em dezembro, o suspeito era um médico saudita que já tinha chamado a atenção de várias autoridades regionais.
O principal bloco conservador de oposição da Alemanha, no qual Söder é uma figura proeminente, exigiu uma abordagem mais dura à migração irregular, apelando a que muito mais pessoas sejam enviadas de volta para as fronteiras do país e que haja um aumento das deportações.
A contenção da migração é também uma questão central para o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha, que as sondagens colocam em segundo lugar nas intenções de voto, atrás dos conservadores.
"Esta é mais uma prova de que não podemos ir apenas de ataque em ataque e mostrar consternação, agradecendo à polícia pela sua mobilização", disse Söder.
"Na verdade, temos de mudar alguma coisa. Este não é o primeiro ato deste tipo; por isso, estamos convencidos de que algo deve mudar na Alemanha, e rapidamente", afirmou.
O Governo de centro-esquerda, liderado por Olaf Scholz, referiu, no entanto, que já fez muito para reduzir a migração irregular e que os planos da oposição são incompatíveis com as leis alemãs e da União Europeia.
O chanceler observou que o seu governo deportou criminosos condenados para o Afeganistão num voo em agosto e está a trabalhar para o fazer novamente --- "e não apenas uma vez, mas continuamente".
Reiterando que o último incidente foi "realmente terrível", Scholz lembrou que "qualquer pessoa que cometa crimes na Alemanha não será apenas severamente punida e terá de ir para a prisão, mas deve esperar que não possa continuar a sua estadia na Alemanha".
Isto, acrescentou, "também se aplica aos países para os quais é muito difícil enviar pessoas de volta".
Atualizado pela última vez às 16h.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt