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África do Sul: Comissão Eleitoral declara eleições livres e justas, Ramaphosa não renuncia à presidência do ANC

Presidente da África do Sul Cyril Ramaphosa
Presidente da África do Sul Cyril Ramaphosa
Alet Pretorius/Reuters

Nestas eleições, o ANC, no poder, elegeu um total de 159 lugares (menos 71 do que em 2019) e perdeu a maioria absoluta

A Comissão Eleitoral Independente (IEC) da África do Sul considerou livres e justas as eleições gerais realizadas na quarta-feira, afirmando que representaram um momento de afirmação democrática e de transparência das últimas três décadas.

"A exemplo das eleições de 1994, que deram a democracia, as eleições 2024 assinalam um marco no crescimento contínuo e de amadurecimento dos processos eleitorais da nossa nação", disse o presidente da comissão eleitoral, Mosotho Moepya.

"As eleições são declaradas livre e justas", sublinhou o responsável eleitoral ao anunciar os resultados oficiais das eleições realizadas na quarta-feira, 29 de maio.

O secretário-geral do Congresso Nacional Africano (ANC), no poder há 30 anos na África do Sul, afirmou hoje que a continuidade no cargo de Cyril Ramaphosa não será moeda de troca para formar uma maioria governativa de coligação.

ANC recusa renúncia de Ramaphosa

"Se vierem com a exigência de que Ramaphosa renuncie à presidência do ANC, isso não vai acontecer", vincou Fikile Mbalula.

"Nenhum partido político vai ditar os termos [de negociação]", insistiu Mbalula.

O partido MK de Jacob Zuma, que se encontra suspenso desde janeiro, pendente de um processo disciplinar como membro do ANC, que integrou na década de 1950, indicou que faria coligação com o partido no poder, "mas não com o ANC de [Cyril ]Ramaphosa".

O partido exige a demissão do líder do ANC e atual Presidente da República, segundo Duduzile Zuma, que integra a liderança do MK, à Lusa.

Em conferência de imprensa hoje, no centro de resultados eleitorais em Joanesburgo, o secretário-geral do ANC adiantou que o partido no poder "está aberto" a negociar uma coligação com "absolutamente todos", embora tenha "reservas" sobre o partido MK, partido de base zulu.

Resultados eleitorais

Divulgando depois apenas os mandatos eleitos por cada formação política nas legislativas nacionais e provinciais, a Comissão Eleitoral sul-africana anunciou que para o parlamento nacional bicameral de 400 lugares a participação eleitoral foi de 58,61%, havendo 16.025.198 votos validados e 212.518 (1,31%) votos anulados.

Nesse sentido, o ANC no poder elegeu um total de 159 lugares (menos 71 do que em 2019); o Aliança Democrática (DA), principal partido da oposição, elegeu 87 (mais três do que em 2019), seguido do novo partido uMkhonto weSizwe (MKP) com 58 lugares, e terceira maior força política do país.

O partido de esquerda radical Combatentes da Liberdade Económica (EFF), igualmente dissidente do ANC, passou a ser o quarto maior partido na oposição na África do Sul com 39 mandatos (menos cinco do que em 2019).

O Partido Livre Inkatha (IFP) conquistou 17 lugares (mais 3 do que em 2019) no parlamento, segundo os resultados hoje anunciados.

A Comissão Eleitoral sul-africana não divulgou o número total de votos obtidos por cada um dos 52 partidos políticos que participaram nas eleições mais contestadas nos últimos 30 anos desde a queda do apartheid na África do Sul em 1994.

Para as eleições de quarta-feira estavam registados 27,7 milhões de eleitores, que puderam votar em 23.392 assembleias de voto, segundo a comissão eleitoral sul-africana.

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