Quando a maior apreensão de cocaína de sempre, a Operação Navarra, aconteceu na Guiné-Bissau em setembro de 2019, a então ministra da Justiça Ruth Monteiro apressou-se a elogiar o feito. “É com grande satisfação que verificamos que a Polícia Judiciária levou a cabo as investigações e a apreensão desta quantidade de droga”, disse ela. “Estamos a falar de quase duas toneladas. Isso é realmente um golpe para os traficantes.”
Mas o que parecia ser um golpe para os traficantes foi apenas um contratempo. Poucos meses depois da apreensão, o poder político em Bissau foi tomado por um novo Presidente, Umaro Sissoco Embaló, que demitiu de imediato o Governo. A ministra da Justiça e o primeiro-ministro tiveram de se esconder até conseguirem fugir do país, enquanto Braima Seidi Bá, um dos chefes da rede de tráfico identificado durante a investigação policial, foi visto a circular nas ruas da capital escoltado por militares.
Embora condenados à revelia a 16 anos de prisão num julgamento de primeira instância, Seidi Bá e o seu cúmplice Ricardo Ariza Monje, de dupla nacionalidade mexicana-colombiana, acabariam absolvidos pelo Supremo Tribunal de Justiça em junho de 2022. E o caso morreu aí.
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