A esquerda radical na África do Sul, terceira maior força política no país, propôs esta sexta-feira fazer uma ampla coligação com a direita para afastar o "corrupto" Congresso Nacional Africano (ANC), no poder desde a queda do 'apartheid' em 1994. "O EFF gostaria de trabalhar com os partidos de oposição para remover o corrupto ANC do poder, mas também para dar ao povo da África do Sul algo diferente", declarou Julius Malema, político da oposição de extrema-esquerda sul-africano.
O líder do partido Combatentes da Liberdade Económica (EFF), ex-líder da Juventude do ANC, avançou, em conferência de imprensa, em Joanesburgo, que o partido está "mais do que disposto" a trabalhar com o Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), segundo maior partido e líder da oposição na África do Sul democrática.
"Eu defendi desde o início que a união dos partidos de oposição para dar uma alternativa ao nosso povo é a minha primeira opção", salientou Malema, que tem radicalizado o país através de políticas segregacionistas, incluindo a expropriação sem compensação financeira da propriedade privada através de ocupações violentas.
Em abril, o líder da oposição, John Steenhuisen, do DA, anunciou uma coligação com seis partidos da oposição, excluindo o EFF, para as eleições gerais no próximo ano. "Se o DA nos tivesse convidado, teríamos aceitado o convite, mas não iríamos para a Lua porque devemos servir a terra", frisou Malema à imprensa local, sublinhando as recentes coligações entre as duas formações políticas a nível autárquico.
"O DA está em declínio", frisou Malema, acrescentando: "O mesmo EFF que lhes deu Tshwane, Ekurhuleni e Nelson Mandela Bay, deu-lhes tudo em 2016 e quando cinco anos depois estávamos prontos para participar no Governo eles disseram não, o vosso trabalho é votar em nós". "Que tipo de absurdo é esse?", questionou o líder da esquerda radical sul-africana.
Algumas sondagens preveem abaixo de 50% para o ANC nas eleições do próximo ano. O partido de Nelson Mandela, no poder há quase 30 anos na África do Sul desde a queda do anterior regime de segregação racial do 'apartheid', obteve pela primeira vez menos de 50% dos votos nas eleições locais, em 2021. O Presidente, Cyril Ramaphosa, de 70 anos, foi reconduzido em dezembro na liderança do ANC.
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