Internacional

Zelensky recusa decisões tomadas sem a Ucrânia e fala com Macron e Starmer: "Não vamos abandonar a nossa terra aos ocupantes"

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky
ANGELO CARCONI/EPA

Donald Trump agendou reunião com Putin para 15 de agosto, no Alasca, para discutir o fim da guerra, mas sem a presença do presidente ucraniano. Zelensky diz que qualquer decisão que daí sair "nasce morta"

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alertou este sábado para a recusa de qualquer "decisão que seja tomada sem a Ucrânia", reafirmando que os ucranianos "não vão abandonar sua terra aos ocupantes". "Será uma decisão contra a paz" e "nasce morta", avisou Zelensky nas redes sociais. "São decisões que não podem funcionar. E todos precisamos de uma paz real e genuína. Uma paz que as pessoas respeitem", adiantou.

As declarações surgem enquanto o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o homólogo russo, Vladimir Putin, têm um encontro marcado para 15 de agosto para tentar acabar com a guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia. Esta reunião, muito aguardada, acontecerá sem Volodymyr Zelensky, que insistiu que quer estar presente e com uma participação europeia. "Os ucranianos não vão abandonar a sua terra aos ocupantes", acrescentou.

Segundo o Presidente norte-americano, uma resolução do conflito incluirá concessões territoriais. Donald Trump, que prometeu acabar com esse conflito, conversou várias por telefone com o seu homólogo russo nos últimos meses, mas ainda não se encontrou pessoalmente com Putin desde que voltou à Casa Branca, em 20 de janeiro.

A reunião cara a cara, que se deverá realizar no Estado norte-americano do Alasca, será a primeira entre os dois líderes desde junho de 2019, no Japão, um ano depois de uma cimeira em Helsínquia, onde Donald Trump adotou um tom bastante conciliador com o homem forte do Kremlin. Vladimir Putin não pisa solo norte-americano desde 2015, durante a presidência de Barack Obama.

Moscovo exige que a Ucrânia lhe ceda quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Luhansk, Zaporíjia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014, e que a Ucrânia abandone as entregas de armas ocidentais e qualquer intenção de adesão à Nato. Estas exigências são inaceitáveis para Kiev, que quer a retirada das tropas russas do seu território e garantias de segurança ocidentais, incluindo a continuidade do fornecimento de armas e o envio de uma força europeia, condições a que a Rússia se opõe.

Na semana passada, o Presidente norte-americano lançou um ultimato à Rússia, que expirou na sexta-feira, para avançar nas negociações com Kiev, sob pena de novas sanções dos EUA.

Conversas com Macron e Starmer

Enquanto isso Zelensky fez saber este sábado que discutiu a "situação diplomática" sobre a Ucrânia com o homólogo francês, Emmanuel Macron, por telefone, antecedendo a cimeira dos líderes da Casa Branca e do Kremlin na próxima sexta-feira.

"Trocámos opiniões sobre a situação diplomática", disse Zelensky nas redes sociais, acrescentando que "é realmente importante que os russos não consigam enganar ninguém novamente".

Na sua mensagem, o Presidente ucraniano sublinhou que "todos precisam de um fim genuíno para a guerra", bem como de "bases de segurança fiáveis para a Ucrânia e outras nações europeias".

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também revelou este sábado que discutiu os últimos desenvolvimentos diplomáticos sobre o conflito na Ucrânia com Zelensky.

Em comunicado, Starmer anunciou uma reunião de conselheiros de segurança nacional europeus e norte-americanos hoje em Londres promovida pelo chefe da diplomacia britânica, David Lammy, e pelo vice-Presidente dos Estados Unidos, JD Vance, dedicada à Ucrânia.

Esta reunião será "uma oportunidade crucial para discutir os progressos necessários para alcançar uma paz justa e duradoura" na Ucrânia, considerou Starmer.

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