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Junta militar do Níger nacionaliza à força mina de urânio do gigante francês Orano

Militar no Níger
Militar no Níger
AFP via Getty Images

Uma mina de urânio pertencente ao gigante francês de energia Orano foi nacionalizada pela junta militar do Níger, que a acusa a empresa de violar os termos do contrato ao extrair mais material do que o permitido

A junta militar do Níger nacionalizou à força a mina de urânio pertencente ao gigante francês de energia Orano, depois de acusar a empresa de violar os termos do contrato ao extrair mais material do que o permitido.

A histórica decisão ocorreu na quinta-feira, quando sob a presidência do general golpista e Presidente da República, Abdourahamane Tiani, o Conselho de Ministros nigerino anunciou a nacionalização da Société des Mines de l'Aïr (SOMAÏR SA), anteriormente detida em 63,4% pelo grupo francês Orano, um dos principais intervenientes na extração de urânio na região de Agadez há mais de cinquenta anos.

Segundo a decisão do Conselho de Ministros, o comportamento "irresponsável, ilegal e injusto" da Orano, somado a um flagrante desequilíbrio na comercialização da produção, precipitou a decisão.

Desde a rutura diplomática entre Níger e França em julho de 2023, a Orano levou a cabo, segundo o governo nigeriano, uma série de atos hostis, como a retirada do seu pessoal, um bloqueio informático, desconexão informática, a tentativa de revenda de ações e a instauração de um processo judicial contra o Estado do Níger junto do Centro Internacional de Resolução de Litígios de Investimento (ICSID) do Banco Mundial CIADI).

Em comunicado publicado na sexta-feira, a Orano repudiou a decisão das autoridades nigerianas, criticando uma "política sistemática de expropriação dos ativos mineiros, que viola os acordos entre o grupo e o Estado do Níger em SOMAÏR", e considerando que ilustra "uma tentativa de desinformar e desacreditar o grupo".

"Esta expropriação constitui mais um passo na vontade das autoridades militares de expulsar a Orano de Níger desde que assumiram o poder em 2023, apesar das numerosas diligências abertas e tentativas de diálogo da empresa", acrescentou.

A apreensão das minas põe em evidência a mudança de posição das juntas militares que dominam a região do Sahel contra os interesses ocidentais. Os governos do Níger, do Mali e do Burkina Faso, recorde-se, expulsaram as tropas francesas e europeias, ao mesmo tempo que aprofundaram os seus laços económicos e de segurança com países como a Rússia e a Turquia.

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