Internacional

Reino Unido entrega soberania das Ilhas Chagos às Maurícias, mas mantém base militar estratégica

Atol Diego Garcia, das ilhas Chagos, onde fica uma base militar norteamericana.
Atol Diego Garcia, das ilhas Chagos, onde fica uma base militar norteamericana.
Gatty Images

O Reino Unido acordou devolver as Ilhas Chagos às Maurícias, garantindo porém a continuidade da base militar em Diego Garcia


O Reino Unido assinou, esta quinta-feira, um acordo para devolver as Ilhas Chagos às Maurícias, pondo fim a uma disputa de décadas sobre este território situado no oceano Índico.

Nos termos do acordo, citados pela Associated Press, o Reino Unido vai pagar às Maurícias uma média de 101 milhões de libras (120 milhões de euros, ao câmbio atual) por ano para arrendar a base militar que se situa na ilha de Diego Garcia e é utilizada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido. Este acordo é válido por 99 anos.

Para o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, a permanência da base militar nas mãos do Reino Unido é importante para assegurar a segurança do país. “Ao concordar com este acordo agora nos nossos termos, estamos a garantir fortes proteções, incluindo contra influências malignas, que permitirão que a base funcione bem no próximo século, ajudando a manter-nos seguros para as gerações futuras”, afirmou Starmer à imprensa.

Este acordo, contudo, não foi bem visto pelos partidos da oposição que consideraram que a cedência das ilhas pode colocar o Reino Unido mais vulnerável a ataques de potências estrangeiras, como a Rússia ou a China. “Não devemos estar a pagar para ceder território britânico às Maurícias”, afirmou a líder do Partido Conservador da oposição, Kemi Badenoch.

As Ilhas Chagos, que estão sob controlo britânico desde 1814, foram oficialmente separadas das Maurícias em 1965, três anos antes deste país se ter tornado independente. Segundo a avaliação do Tribunal Internacional de Justiça, feita em 2019, esta separação foi feita de forma ilegal.

Desde então, as Nações Unidas têm apelado ao Reino Unido para devolver a soberania das ilhas às Maurícias, reforçando a posição de que o arquipélago faz parte do território mauriciano e que a manutenção do controlo britânico constitui uma continuação do colonialismo.

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