Internacional

Exército do Sudão retoma última zona de Cartum controlada pelos rebeldes

Exército do Sudão retoma última zona de Cartum controlada pelos rebeldes
The Washington Post

Anúncio surge um dia depois das Nações Unidas terem alertado para uma escalada da violência na capital sudanesa, com o exército regular a tentar recuperar o palácio presidencial

Soldados do exército do Sudão retomaram hoje o controlo do palácio presidencial, a última zona da capital, Cartum, que ainda estava nas mãos de forças paramilitares desde o início do conflito.

O ministro da Informação do Sudão, Khaled al-Aiser, disse que os militares retomaram o palácio, numa publicação na rede social X.

“Hoje a bandeira está hasteada, o palácio está de volta e a aventura continua até que a vitória seja completa”, escreveu al-Aiser.

"As nossas forças invadiram o palácio e tomaram o controlo, depois de esmagarem os restos da milícia", disse uma fonte militar, que pediu para não ser identificada, em declarações à agência de notícias France-Presse (AFP).

O grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) ocupava a sede presidencial em Cartum desde o início da guerra com o exército sudanês, em abril de 2023.

Vídeos publicados nas redes sociais mostram os soldados no interior, que confirmaram a data como sendo o 21º dia do período muçulmano do Ramadão, hoje.

Um oficial do exército sudanês, que usava dragonas de capitão, fez o anúncio no vídeo e confirmou que as tropas estavam dentro do complexo.

O palácio parece estar parcialmente em ruínas, com as botas dos soldados a esmagarem telhas partidas.

O anúncio surge um dia depois das Nações Unidas terem alertado para uma escalada da violência na capital sudanesa, com o exército regular a tentar recuperar o palácio presidencial.

"Estamos a receber notícias preocupantes sobre a escalada de violência contra civis em Cartum, num quadro de intensas hostilidades", declarou o porta-voz do Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Seif Magango, em comunicado.

O exército sudanês encontrava-se na quinta-feira a 500 metros do palácio presidencial, no centro de Cartum, onde decorrem os combates, disse à AFP uma fonte militar.

Dezenas de civis, incluindo voluntários de ajuda humanitária locais, foram mortos por bombardeamentos de artilharia e aéreos do exército do Sudão e das RSF no leste de Cartum e no norte de Omdurman desde 12 de março, acrescentou Magango.

Segundo o porta-voz do ACNUDH, "relatos credíveis indicam que as RSF e as milícias aliadas invadiram casas na parte oriental de Cartum, causando mortes sumárias e detenções arbitrárias, e saquearam alimentos e medicamentos de cozinhas comunitárias e clínicas médicas".

A guerra entre o chefe do exército sudanês, o general Abdel Fattah al-Burhan, e o seu antigo adjunto, o general Dagalo, causou até agora dezenas de milhares de mortos, deixou mais de 12 milhões de pessoas deslocadas e provocou uma grave crise humanitária.

Em Cartum, pelo menos 3,5 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas por causa dos combates, segundo dados da ONU.

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