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Ataque em França mata cidadão português de 69 anos, Macron fala em "ato terrorista"

Ataque em França mata cidadão português de 69 anos, Macron fala em "ato terrorista"
Buda Mendes

Entre as vítimas há dois polícias feridos com gravidade. O suspeito já estava referenciado pelas autoridades por terrorismo. O Ministério dos Negócios Estrangeiros português está a "acompanhar o caso"

Um português morreu e cinco pessoas ficaram feridas, incluindo polícias, este sábado à tarde na cidade francesa de Mulhouse, num ataque com uma faca na Praça do Mercado, à margem de uma manifestação de apoio ao Congo. O suspeito já estava referenciado por risco de terrorismo e foi detido no local. A vítima mortal é um cidadão português, de 69 anos, segundo as autoridades, citadas pelo jornal "Le Fígaro"

"Um civil que interveio morreu", declarou o porta-voz da Procuradoria Nacional Antiterrorismo, confirmando a nacionalidade e a idade da vítima mortal, citado pelo mesmo jornal.

A mesma informação foi confirmada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros português: "Um cidadão português, de 69 anos, que se encontrava no local, ter-se-à interposto entre os polícias e o atacante, tendo sido esfaqueado e morto", afirmou ao Expresso fonte oficial do MNE, acrescentando que continua a "acompanhar o caso".

O emigrante português era natural de Ermesinde, casado e com um filho, acrescentou o MNE, apontando que estava emigrado em França desde 1992.

O autor do ataque, um argelino de 37 anos, terá cometido os crimes à margem de uma manifestação e há dois agentes da polícia municipal feridos com gravidade, disse o procurador Nicolas Heitz à AFP, acrescentando que outros três agentes sofreram ferimentos mais ligeiros.

O suspeito consta do "ficheiro de processamento de sinalização para a prevenção da radicalização terrorista", declarou.

O ataque ocorreu pouco antes das 16h locais (15h em Lisboa), à margem de uma manifestação de apoio à República Democrática do Congo, que enfrenta uma ofensiva, no leste, do movimento armado M23, apoiado pelo Ruanda. O atacante, Brahim A., de 37 anos, gritou “Allahu Akbar" (Alá é grande) durante o ato, não deixando dúvidas sobre a motivação do ataque.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, já apresentou as "condolências" à família da vítima mortal e disse que não há dúvidas de que se tratou de um "ataque terrorista" de inspiração islâmica radical, reafirmando a "determinação" do governo no combate ao terrorismo. "Quero expressar a determinação do governo e minha de continuar o trabalho que temos feito durante oito anos para fazer tudo para erradicar o terrorismo no nosso território", disse o chefe de Estado francês, numa primeira reação, à margem de uma visita ao Salão Agrícola de Paris.

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, endereçou as "suas mais sentidas condolências à família, amigos e à comunidade portuguesa de Mulhouse" e condenou "veementemente" o "ataque de ódio", numa nota publicada no site da Presidência da República.

Também o primeiro-ministro, Luís Montenegro, apresentou as "sinceras condolências aos familiares e amigos" da vítimas, assim como toda a solidariedade ao povo francês" e sublinhou a coragem do português. "Perante um ataque contra a comunidade que o acolheu, um português interveio e acabou por perder a vida, em França. A sua valentia, que lhe custou a vida, poderá ter salvo tantas outras", pode ler-se num post do PM na sua conta na rede social X (antigo Twitter).

Segundo o jornal regional "Les Dernières Nouvelles d'Alsace", o ataque ocorreu entre a Praça do Mercado e a Rua Lavoisier, onde foi detido o suspeito, um homem nascido em 1987, de nacionalidade estrangeira.

O canal BFMTV indicou que, enquanto se aguarda a determinação das motivações para este acontecimento, a Procuradoria de Mulhouse está a trabalhar em conjunto com a Procuradoria Nacional Antiterrorista (PNAT).

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