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Colômbia registou 530 agressões a jornalistas em 2024, dos quais três foram mortos

Colômbia registou 530 agressões a jornalistas em 2024, dos quais três foram mortos
MAURICIO DUENAS CASTANEDA

Pelo menos 530 agressões a jornalistas foram registadas no ano passado na Colômbia, um número que cresceu face a 2023, informou este domingo a Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP), e adianta que do total três foram assassinados.

Em 2024 na Colômbia, foram registadas pelo menos 530 agressões a jornalistas, revela a Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP), manifestando a preocupação de que este número representa um aumento significativo face a 2023, ano em que foram agredidos 470 jornalistas.

Segundo o artigo "A censura da nova guerra", dos investigadores da FLIP Juan Diego Cárdenas e César Paredes, do total de ataques, "122 foram cometidos por grupos criminosos ou delinquentes, o que representou um aumento de 51,8% na participação destes atores na violência contra a imprensa em relação a 2023", noticia a agência EFE.

"Os ataques à imprensa, que antes seguiam padrões de controlo mais centralizados, deram lugar a métodos de violência mais diversificados e imprevisíveis. Esta metamorfose do conflito não só aumenta os riscos para os comunicadores de vários lados, como também amplifica o impacto na sociedade", disseram os autores.

O artigo da FLIP, publicado por ocasião do Dia do Jornalista, celebrado hoje na Colômbia, recorda que no ano passado foram assassinados três jornalistas, um deles Jaime Vásquez, repórter e cidadão de Cúcuta, capital de Norte de Santander (departamento que faz fronteira com a Venezuela).

Foram ainda vítimas de violência Mardonio Mejía, um dos mais conceituados jornalistas do departamento caribenho de Sucre, e Jorge Méndez, um comunicador comunitário da problemática região de Catatumbo, no Norte de Santander, notícia a agência espanhola.

A Fundação alertou ainda para o número de jornalistas que sofreram deslocações forçadas, um aumento de 900% no ano passado, quando foram registados 20 casos, enquanto em 2023 apenas dois foram assinalados.

"É o caso de territórios como Caquetá e Arauca, onde o aumento dos confrontos armados entre dois ou mais grupos levou a táticas violentas em que os atores armados mostram com mão pesada as consequências do não cumprimento das regras de controlo de informação estabelecidas no meio dos conflitos regionais", acrescenta o artigo.

Em 2024, 122 jornalistas também foram ameaçados, um número que quase duplica os 64 de 2023, pelas ações de grupos armados, o que reflete "não só um crescente desprezo pelas possíveis consequências das suas ações, mas também a limitada capacidade do Estado para responder eficazmente".

Para o editor do jornal La Patria e ex-presidente do Conselho de Administração da FLIP, Fernando Ramírez, citado no artigo, o que está a acontecer é uma consequência da projeção de novos conflitos armados regionais na Colômbia e das suas próprias características.

"Antes, quando havia um grupo dominante, os jornalistas mais ou menos aprendiam a sobreviver e quase andavam sobre ovos para tentar fazer o melhor jornalismo naquele cenário. Mas quando há vários grupos, quando há tantos elementos, isso complica a vida do jornalista porque é mais difícil saber como proceder", explicou o editor.


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