As tensões ao longo da fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão estão profundamente enraizadas na história da controversa Linha Durand, traçada durante o domínio colonial britânico, que dividiu o território afegão em duas partes. As autoridades afegãs, incluindo os talibãs, têm-se recusado consistentemente a reconhecer esta fronteira. A relação atribulada foi-se mantendo ao longo da história, mas os analistas acreditam que, sem o apoio e a proteção do Paquistão, a tomada do poder pelos talibãs no Afeganistão teria sido improvável. A relação voltou a deteriorar-se nos últimos três anos, com o surgimento de confrontos transfronteiriços.
Nos últimos dias de 2024, os talibãs afegãos lançaram uma onda de ataques de artilharia contra postos de controlo paquistaneses do outro lado da fronteira, elevando o risco de guerra entre os países vizinhos. O grupo islamita alegou ter destruído “várias” posições inimigas e enviado batalhões de combatentes para a fronteira, para antecipar qualquer resposta de Islamabade. Esta retaliação ocorreu depois dos ataques aéreos paquistaneses contra o Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), um grupo próximo dos talibãs afegãos, que se refugia no leste do Afeganistão. As autoridades afegãs dizem que os ataques mataram 46 civis, sobretudo mulheres e crianças.
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