Internacional

Israel fecha embaixada após Irlanda subscrever acusação de genocídio

O futuro distópico da Irlanda é contado no livro “Prophet Song”, de  Paul Lynch, que começa numa noite de chuva em Dublin
O futuro distópico da Irlanda é contado no livro “Prophet Song”, de Paul Lynch, que começa numa noite de chuva em Dublin
CLODAGH KILCOYNE/REUTERS

A embaixada israelita em Dublin vai ser encerrada. A decisão surge depois de a Irlanda anunciar que irá juntar-se ao processo para a acusação de genocídio em Gaza  

A diplomacia israelita anunciou este domingo o encerramento da embaixada em Dublin. A decisão foi comunicada depois de a Irlanda ter divulgado que se juntaria ao processo da África do Sul contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) por genocídio em Gaza. 

A Irlanda ultrapassou todas as linhas vermelhas na sua relação com Israel”, afirmou o novo ministro dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, numa declaração, qualificando as ações e a retórica da Irlanda de ‘antissemitas’. No comunicado, explica-se que a decisão de encerrar a embaixada teve em conta a “extrema política anti-israelita do governo irlandês” e salienta-se que Israel dá prioridade às relações bilaterais com países de todo o mundo, de acordo com a sua atitude em relação a esse país. 

Na declaração, Saar também anunciou o projeto de abertura de uma embaixada israelita em Chisinau, a capital da Moldova, em 2025, e disse que a procura de um edifício adequado para a embaixada estava em curso, bem como o procedimento para a nomeação de um embaixador israelita. “As relações entre Israel e a Moldova são amistosas e ambos os países estão interessados em alargá-las e aprofundá-las. A Moldova já tem uma embaixada em Israel e chegou a altura de Israel ter uma embaixada na Moldova. 

No passado mês de maio, Israel retirou o seu embaixador em Dublin depois de o país ter reconhecido a Palestina como Estado numa declaração conjunta com a Espanha e a Noruega. A declaração provocou retaliações por parte do Governo israelita e a declaração de novos colonatos em território palestiniano ocupado. 

A Irlanda já tinha anunciado em março que iria intervir no processo de genocídio contra Israel, mas a 11 de dezembro o ministro dos Negócios Estrangeiros irlandês, Micheal Martin, afirmou que tinha garantido o apoio do Governo e que a intervenção seria apresentada ainda este mês. 

Ao intervir legalmente no caso sul-africano, a Irlanda irá pedir ao TIJ que "alargue a sua interpretação do que constitui a prática de genocídio", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros irlandês em comunicado, argumentando que uma leitura ‘muito restrita’ poderia incentivar uma cultura de impunidade. 

No passado dia 5 de dezembro, a Amnistia Internacional concluiu “inequivocamente” que Israel “cometeu e continua a cometer genocídio” em Gaza, com base no padrão de comportamento das suas tropas, nas declarações “desumanizadoras” dos seus dirigentes e militares, na ocupação militar e no “bloqueio desumano” do território. 

Reagindo ao anúncio israelita, o primeiro-ministro irlandês, Simon Harris, classificou como “profundamente lamentável” a decisão de Israel de encerrar a sua embaixada em Dublin. “Esta é uma decisão profundamente lamentável por parte do governo de (Benjamin) Netanyahu. Rejeito categoricamente a afirmação de que a Irlanda é anti-israelita. A Irlanda é a favor da paz, dos direitos humanos e do direito internacional”, reagiu Simon Harris na rede social X.

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