Internacional

Protestos em Moçambique somam pelo menos 88 mortos e 274 baleados desde 21 de outubro

Jovens manifestantes queimam uma bandeira do partido Frelimo, durante protestos em Maputo
Jovens manifestantes queimam uma bandeira do partido Frelimo, durante protestos em Maputo
Siphiwe Sibeko/Reuters

Contestação contra os resultados eleitorais e a reação do Governo aos protestos dos moçambicanos continua a somar vítimas. Pelos menos mais 14 pessoas morreram a 4 e 5 de dezembro, os dois primeiros dias das novas manifestações pós-eleitorais, sendo a província de Nampula a mais afetada

As manifestações convocadas em Moçambique para protestar contra os resultados eleitorais de 9 de outubro somam mortes. Segundo a organização não-governamental (ONG) Plataforma Eleitoral Decide regista-se já um total de 88 mortos, além de vários feridos e mais de três mil detidos pela polícia moçambicana. E pelo menos 14 pessoas morreram nos dois primeiros dias das novas manifestações pós-eleitorais que começaram na quarta-feira - a província de Nampula é a mais afetada.

Pelo menos 88 pessoas morreram e 274 foram baleadas durante as manifestações e paralisações de contestação aos resultados eleitorais desde 21 de outubro, indicou esta sexta-feira a organização não-governamental (ONG) Plataforma Eleitoral Decide. Nas manifestações dos dias 4 e 5 de dezembro morreram 14 pessoas e Nampula foi a província mais afetada com 8 mortos e 21 das 53 pessoas baleadas.

De acordo com o relatório divulgado por aquela plataforma de monitorização eleitoral moçambicana, envolvendo outras ONG como o Centro de Integridade Pública (CIP), o Centro para a Democracia e Direitos Humanos (CDD) e a Amnistia Internacional, com dados até 4 de dezembro, há ainda registo 3.450 detidos neste período.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou para uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, de 4 a 11 de dezembro, em “todos os bairros” de Moçambique, com paralisação da circulação automóvel das 08h00 às 16h00 (menos duas horas em Lisboa).

“Todos os bairros em atividade forte”, disse Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro, numa intervenção através da conta oficial na rede social Facebook.

“Vão-se concentrar nos bairros e nas avenidas principais que atravessam os nossos bairros, – não temos necessidade de fazer grandes deslocações – levantando os nossos cartazes”, disse Venâncio Mondlane.

Tal como aconteceu na fase anterior de contestação, de 27 a 29 de novembro, o candidato presidencial pediu que as viaturas parem de circular das 08h00 às 15h30 (menos duas horas em Lisboa), seguindo-se então 30 minutos para se entoar os hinos de Moçambique e de África nas ruas, o que se verificou nos últimos dois dias em várias artérias centrais, nomeadamente, de Maputo.

“Vamo-nos manifestar de forma ininterrupta, sem descanso. Vão ser sete dias cheios (…). Todas as viaturas, tudo o que se move, fica parado”, insistiu, pedindo aos automobilistas para colarem cartazes de contestação nas viaturas que circulem até às 08:00 e depois das 16:00.

O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição para Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane e que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.

Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

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