Internacional

Evan Gershkovich e Vladimir Kara-Murza prestes a serem libertados naquela que pode ser a maior troca de prisioneiros desde a Guerra Fria

Evan Gershkovich, correspondente do Wall Street Journal, pode ser um dos presos liberados ainda hoje por Moscovo
Evan Gershkovich, correspondente do Wall Street Journal, pode ser um dos presos liberados ainda hoje por Moscovo
EPA

Estados Unidos e Rússia estão envolvidos, segundo vários jornais internacionais, na maior troca de prisioneiros entre os dois países desde a Guerra Fria. O lado russo ainda não confirmou a troca, nem os nomes que podem estar envolvidos, mas várias outras fontes dão conta que vários opositores de Vladimir Putin e o repórter norte-americano acusado de espionagem, Evan Gershkovich, pode estar quase a regressar a casa. Não se conhecem ainda os prisioneiros que os Estados Unidos terão aceitado entregar

Evan Gershkovich e Vladimir Kara-Murza prestes a serem libertados naquela que pode ser a maior troca de prisioneiros desde a Guerra Fria

Ana França

Jornalista da secção Internacional

A Rússia e os Estados Unidos acordaram uma significativa troca de prisioneiros que deve garantir o regresso a casa do repórter do Wall Street Journal Evan Gershkovich e o antigo fuzileiro naval dos EUA Paul Whelan, além de também estar prevista a libertação de alguns nomes sonantes da oposição a Vladimir Putin, como o político e jornalista Vladimir Kara-Murza ou Ilya Yashin, um dos maiores aliados de Alexei Navalny, o homem que se tinha tornado o maior nome do movimento por uma mudança na Rússia e que morreu numa prisão russa em fevereiro deste ano.

A notícia está a ser avançada por vários meios de comunicação internacionais, como a Bloomberg e o “Telegraph” ou a cadeia ABC, que citam fontes próximas das negociações, pelo lado dos Estados Unidos, mas do lado russo ainda não há confirmação. “Não tenho comentários sobre este tópico”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmytry Peskov, citado pelo “Moscow Times”. A advogada russa de Gershkovich também não quis adiantar detalhes. “Infelizmente, não posso prestar comentários”, disse Maria Korchagina à agência de notícias russa RIA.

Segundo a Euronews, cinco países estarão envolvidos nesta troca de prisioneiros: Eslovénia, Alemanha, Estados Unidos da América, Rússia e Bielorrússia.

A CNN escreve que, durante vários meses, diplomatas norte-americanos percorreram o mundo à procura de prisioneiros que pudessem ser libertados, em troca dos cidadãos norte-americanos e também dos opositores ao regime de Putin.

Gershkovich foi detido em março de 2023 durante uma viagem de reportagem a Ekaterinburgo. Foi considerado culpado de espionagem e há cerca de 15 dias tinha ficado a saber que iria passar 16 anos numa prisão.

Whelan - cidadão americano, irlandês, britânico e canadiano - foi detido num hotel de Moscovo em dezembro de 2018, sob suspeitas semelhantes, por espionagem a favor dos Estados Unidos.

Vladimir Kara-Murza estava preso há dois anos, por espalhar informação falsa sobre o exército russo e pertencer a “organizações indesejáveis”. Tinha sido recentemente condenado a 25 anos de prisão. A sua mulher, Evgenia Kara-Murza contou a história da vida de ambos ao Expresso e o que tinha tentado fazer pelos presos políticos desde a prisão do seu marido.

Ilya Yashin, opositor político do regime do Kremlin, estava a cumprir uma pena de oito anos e meio por ter criticado a guerra na Ucrânia. O seu advogado disse à agência de notícias Associated Press, que Yashin tinha sido transferido esta manhã.

A mesma agência escreve que Oleg Orlov, presidente do grupo de defesa dos direitos humanos Memorial, galardoado com o Prémio Nobel da Paz e condenado a dois anos e meio em fevereiro; a artista Alexandra Skochilenko, que cumpria uma pena de sete anos por ter substituído as etiquetas dos preços num supermercado por mensagens que denunciam a morte de civis na Ucrânia; e as antigas coordenadoras regionais da Organização Anti-Corrupção Navalny, Lillia Chernysheva e Ksenia Fadeyeva, condenadas a nove anos e meio e nove anos respetivamente, também foram retirados das suas prisões e levados para outras localizações.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: afranca@impresa.pt

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