Enviada especial da ONU ao Chipre pede solução para conflito de 50 anos
Força de paz da ONU no Chipre está presente naquela ilha desde 1964, quando foi chamada para pôr fim às hostilidades que surgiram entre cipriotas gregos e cipriotas turcos
Força de paz da ONU no Chipre está presente naquela ilha desde 1964, quando foi chamada para pôr fim às hostilidades que surgiram entre cipriotas gregos e cipriotas turcos
A enviada especial das Nações Unidas (ONU) ao Chipre pediu hoje às comunidades grega e turca da ilha mediterrânica que pressionem os seus líderes a regressar à mesa das negociações para encontrar solução de um conflito de 50 anos.
"Apelo a todos os cipriotas para que incentivem e pressionem os seus dirigentes a trabalhar para um futuro melhor e seguro. Os líderes têm de mostrar vontade e determinação para fazer verdadeiros progressos", pediu a enviada especial da ONU ao Chipre, María Ángela Holguín Cuéllar, numa carta aberta publicada hoje pela Unficyp, a força de manutenção da paz da ONU no Chipre.
Na carta, Holguín Cuéllar, nomeada para o cargo em janeiro pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, refere-se ao facto de o Chipre ter estado "parado no tempo" - segundo ela, o conflito congelou a ilha há mais de 50 anos -, e pede que se olhe para o futuro.
O conflito dura desde 1974, quando o exército turco ocupou a parte norte da ilha em resposta a um golpe de Estado cipriota grego que pretendia a unificação da ilha com a Grécia.
A ilha está separada entre a República de Chipre, de cultura grega, membro da União Europeia, e a República Turca de Chipre do Norte, que é reconhecida apenas pela Turquia.
Na carta aberta, a representante internacional explica que foi incumbida de averiguar se existem condições favoráveis para o reinício das negociações no sentido de construir uma solução definitiva e sustentável para a questão cipriota.
A última ronda de contactos aconteceu em 2017.
"É importante afastar-se de soluções que, no passado, criaram expectativas que não foram cumpridas e levaram a mais desacordos e frustrações. Agora, temos de pensar de forma diferente, mantendo a convicção de que um futuro comum traria grandes oportunidades para todos os cipriotas", afirma Holguín.
A visão das Nações Unidas para a unificação de Chipre continua a ser a criação de um Estado federal, bizonal e bicomunitário, emergindo de dois Estados constituintes - um cipriota grego e outro cipriota turco - com uma única soberania, cidadania e personalidade internacional.
Holguín Cuéllar garante que, nos meses em que esteve no cargo, constatou que "foram passados demasiados anos em confronto e discriminação e demasiado tempo a culpar a outra parte".
E, neste sentido, insiste que a atual situação no Chipre "criou uma maior distância e uma falta de conhecimento do outro, que cresce a cada dia que passa".
"Reconhecendo os desafios, acredito que os cipriotas poderiam ter uma perspetiva mais brilhante e positiva se conseguissem reconciliar-se com a sua história de dor. Não podemos esquecer os jovens de ambos os lados da ilha. Eles merecem uma vida diferente, com igualdade de oportunidades, para que o seu futuro não seja truncado pelo passado", defende Holguín.
A representante da ONU tem uma vasta experiência em conflitos, uma vez que, durante o seu mandato como ministra dos Negócios Estrangeiros da Colômbia, foi assinado o Acordo de Paz Final entre o Governo da Colômbia e as Farc-EP, em 2016, para pôr fim ao conflito armado da Colômbia que começou em 1960.
A força de paz da ONU no Chipre (UNFICYP) está presente naquela ilha desde 1964, quando foi chamada para pôr fim às hostilidades que surgiram entre cipriotas gregos e cipriotas turcos três anos depois do Chipre se ter tornado independente do Reino Unido.
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