Caso os aliados da Ucrânia continuem a disponibilizar e, sobretudo, a autorizar a utilização de armas de longe alcance contra a Rússia, Vladimir Putin admite posicionar mísseis (convencionais) a uma distância que permita atingir os Estados Unidos e outros países europeus.
A declaração do Presidente russo surge no decorrer de um encontro presencial, esta quinta-feira, com diversas agências internacionais. Citado pela Reuters, Putin considerou ser “leviano” pensar que o Kremlin, até pela sua doutrina nuclear (publicada em 2020), não passará da ameaça à prática.
“Nós temos uma doutrina nuclear, vejam o que ela diz. Se ações de alguém ameaçam a nossa soberania e integridade territorial, consideramos utilizar todos os meios à disposição. Isto não deve ser encarado de ânimo leve, superficialmente”, garantiu.
Questionado de forma presencial pelos jornalistas sobre as declarações do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que apelou a todos os países da aliança atlântica para autorizaram a utilização de armas ocidentais contra território russo, Vladimir Putin lembrou que tal decisão, a acontecer, resultará numa “escalada séria” do conflito na Ucrânia, arrastando os demais aliados para uma guerra com a Rússia.
Ainda assim, Putin prefere evitar um conflito de larga escala contra a NATO. “Enlouqueceram completamente se pensam que a Rússia quer atacar a NATO. Um absurdo completo. Não queiram fazer da Rússia o inimigo. Só se prejudicam assim”, advertiu.
Garantindo estar preparado para, em caso de ataque, abater os mísseis ocidentais, nomeadamente os norte-americanos ATACMS (Joe Biden não autoriza a Ucrânia a realizar ataques recorrendo a este tipo de mísseis), bem como os sistemas de mísseis britânicos e franceses, Putin admite somente retaliar através da “reserva do direito de agir da mesma forma”.
Durante uma longa conversa de mais de três horas com diversos jornalistas internacionais, Vladimir Putin abordaria igualmente outros temas, entre os quais as eleições norte-americanas. Putin disse não lhe interessar quem vencerá a disputa nos EUA, mas garante que a Justiça do país procura prejudicar o candidato Donald Trump.
“É óbvio para todos que as acusações contra Trump, sobretudo em tribunal, acusações formadas com base em acontecimentos de há muito tempo, sem prova direta, é simplesmente utilizar o sistema [judicial] numa luta política interna”, acusou o Presidente russo.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: tpalma@expresso.impresa.pt