Internacional

Lula aceita convite de Lavrov para comparecer na cimeira dos BRICS na Rússia

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov durante a reunião do G20 no Rio de Janeiro
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov durante a reunião do G20 no Rio de Janeiro
Anadolu/Getty Images

O chefe de Estado brasileiro aceitou o convite do ministro dos Negócios Estrangeiros russo para participar na Cimeira dos BRICS, em outubro, na Rússia

Lula da Silva vai à Rússia em outubro próximo. O chefe de Estado brasileiro aceitou, quinta-feira, o convite feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, para participar na Cimeira dos BRICS, indicou um comunicado oficial de Brasília.

Segundo a Presidência brasileira, o convite foi formulado por Lavrov num encontro no Palácio da Alvorada, residência oficial do chefe de Estado em Brasília, à margem da reunião do G20 (grupo dos 20 países mais industrializados do mundo), que decorreu no Rio de Janeiro. O comunicado indica que o ministro russo reforçou o convite já feito pelo seu Presidente, Vladimir Putin.

A cimeira dos BRICS reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, numa primeira fase, e Etiópia, Egito, Irão e Emirados Árabes Unidos, numa segunda. Segundo o comunicado, escrito em tom diplomático, a Rússia manifestou apoio ao pedido do Brasil para ocupar um lugar permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que o Presidente brasileiro agradeceu.

Lula reafirmou a importância de uma nova governança global para lidar com temas como a inteligência artificial e as mudanças climáticas, “que não podem ser enfrentadas isoladamente”. O Presidente brasileiro sublinhou a importância das iniciativas que o Brasil tomou, com outros países detentores de florestas tropicais, para combater o desmatamento e procurar “formas mais justas de remuneração pela preservação desses biomas”.

O dirigente brasileiro defendeu a necessidade de “aprimorar os mecanismos de financiamento aos países em desenvolvimento”. No âmbito bilateral, destacou os números do comércio, que atingiu um recorde histórico em 2023, e a necessidade de diversificar as trocas, sem adiantar pormenores.

Sobre a Ucrânia, a que o comunicado dedica apenas uma linha, Lavrov expôs as posições da Rússia em relação ao conflito. “O Presidente Lula reiterou a posição de que o Brasil continua disposto a colaborar com os esforços em favor da paz”, lê-se na nota, sem mais pormenores. A pedido do chefe da diplomacia russa, Lula e Lavrov analisaram temas da agenda bilateral, os debates ocorridos no G20 e questões globais.

Quinta-feira, numa conferência de imprensa, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse ter discordado de Lula sobre a comparação entre a ofensiva israelita em Gaza e o Holocausto, mas garantiu que isso não afetou a boa relação com os Estados Unidos. “É óbvio que discordamos profundamente da comparação de Gaza com o Holocausto, mas isso é algo que os amigos fazem”, disse Blinken que, um dia antes, foi recebido por Lula sem que ambos tenham falado sobre a invasão russa da Ucrânia.

Na reunião de quarta-feira, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos manifestou repúdio pela comparação, que provocou uma crise diplomática entre Israel e o Brasil. Blinken, cujo pai adotivo foi sobrevivente do Holocausto, observou que, apesar do comentário de Lula, os Estados Unidos e o Brasil concordam com a necessidade de conseguir a libertação dos reféns do Hamas e de um cessar-fogo humanitário em Gaza.

Na sessão de quarta-feira, as 45 delegações presentes incluindo membros do G20, convidados e organizações internacionais discutiram os atuais conflitos internacionais, nomeadamente em Gaza e na Ucrânia. “Vários países reiteraram a sua condenação da guerra na Ucrânia, como tem acontecido desde 2022 após o início do conflito”, afirmou o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira.

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