Internacional

Pelo menos 78 migrantes morreram no Mediterrâneo Central nos últimos dias de 2023

A política do governo italiano, dirigido por Giorgia Meloni, tem complicado as operações de resgate
A política do governo italiano, dirigido por Giorgia Meloni, tem complicado as operações de resgate
NurPhoto

As mortes ocorreram na sequência de naufrágios ao largo da Líbia. A ONG Alarm Phone denuncia que “muitas mortes estão a acontecer enquanto a Itália ordena à frota civil que se dirija para portos seguros distantes”

Pelo menos 78 pessoas morreram em dois naufrágios registados no final de 2023 no Mediterrâneo Central, noticiou,neste domingo, o Alarm Phone, grupo que oferece ajuda a migrantes que atravessam o mar com destino à Europa.

"Dois naufrágios no Mediterrâneo Central. Podemos agora confirmar que dois navios se afundaram no final de 2023 e pelo menos 78 pessoas perderam a vida ao largo de Zuara e Sabrata [cidades da Líbia] nos dias 28 e 29 de dezembro", escreveu o grupo nas redes sociais. "Muitas mortes estão a acontecer enquanto a Itália ordena à frota civil que se dirija para portos seguros distantes e enquanto a guarda costeira líbia aumenta a sua área de operações para forçar as pessoas a regressar à Líbia", acrescentou.

O Alarm Phone é uma linha telefónica de emergência gerida por voluntários em vários países para apoiar operações de resgate, notificando as autoridades competentes quando os migrantes as contactam para os avisar que os barcos em que viajam estão em perigo.

Segundo o Alarm Phone, a política do Governo de extrema-direita de Itália, dirigido por Giorgia Meloni, tem complicado as operações de resgate de organizações humanitárias no Mediterrâneo Central, forçando-as a viajar para portos muito distantes da zona de resgate.

Várias organizações não-governamentais, como a Open Arms, a Médicos Sem Fronteiras ou a Sea Eye, foram multadas e viram os seus navios de resgate arrestados durante vários dias por não cumprirem estes regulamentos.

"As nossas mais profundas condolências e solidariedade vão para aqueles que perderam os seus entes queridos nas fronteiras assassinas da Europa", acrescentou o Alarm Phone.

De acordo com dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), entre 24 e 30 de dezembro de 2023, foram intercetados e devolvidos à Líbia 1234 migrantes.

No ano passado morreram 2271 pessoas no Mediterrâneo Central, mais 60% do que no mesmo período do ano passado (1413).

A rota migratória do Mediterrâneo Central parte sobretudo da Tunísia, Argélia e Líbia em direção à Itália e a Malta e é considerada uma das rotas migratórias mais mortais do mundo.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate