As autoridades em Nagorno-Karabakh concordaram com um cessar-fogo proposto pela missão de paz russa, apenas um dia depois do último ataque do Azerbaijão sobre esta região arménia. Segundo a BBC, o acordo – que definiu o fim das hostilidades a partir das 13h locais (10h em Portugal continental) – exige total desarmamento em Karabakh. No entanto, relata que foram ouvidas explosões na capital regional já depois do início do cessar-fogo.
De acordo com a ‘Al Jazeera’, está previsto um encontro para discutir o cessar-fogo entre as autoridades de Nagorno-Karabakh e do Azerbaijão na quinta-feira, na cidade de Yevlakh.
Estima-se que a ofensiva lançada pelo Azerbaijão na terça-feira tenha resultado na morte de dezenas de pessoas e centenas de feridos, segundo números avançados pela Reuters. As ações militares designadas pelo Azerbaijão como “operações antiterroristas” foram lançadas contra os separatistas de Nagorno-Karabakh, uma zona de população arménia que pretende ser reconhecida como república independente.
A comunidade internacional lançou apelos à resolução do conflito, com o secretário-geral das Nações Unidas a pedir o “fim imediato dos combates” e o “cumprimento mais rigoroso do cessar-fogo de 2020”. Uma declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo também pediu o “fim das hostilidades e das vítimas civis”. Do lado dos Estados Unidos, o secretário de Estado Antony Blinken disse ser “crucial” que o Azerbaijão atenue a situação e “promova uma resolução pacífica”.
Esta quarta-feira de manhã o Papa manifestou preocupação com os confrontos e apelou a “todas as partes e à comunidade internacional para que sejam depostas as armas e se faça todo o possível para encontrar soluções pacíficas para o bem da população e o respeito pela dignidade humana”.
Negociações sobre reintegração
Nagorno-Karabakh é reconhecido internacionalmente como pertencendo ao Azerbaijão, mas a maioria dos seus cidadãos é de origem arménia. Com a desintegração da União Soviética, autoproclamou a sua independência de Baku. A tensão levou a Arménia e o Azerbaijão a travarem duas guerras, uma no início da década de 1990 que terminou com a vitória arménia, e outra em 2020, na qual o Azerbaijão conseguiu retomar o controlo de dois terços do território.
O gabinete de imprensa da autoproclamada República de Nagorno-Karabakh disse num comunicado que as negociações de quinta-feira vão focar-se na reintegração no Azerbaijão. Na mesa de negociações vão estar “representantes da população arménia local e das autoridades centrais da República do Azerbaijão”, segundo o comunicado citado pela agência russa TASS.
As partes vão “discutir questões de reintegração com base na Constituição e nas leis da República do Azerbaijão”, disseram os separatistas arménios. Serão analisadas “questões levantadas pelo lado azeri sobre a reintegração, garantindo os direitos e a segurança dos arménios de Nagorno-Karabakh”. A par disso serão avaliadas garantias dos meios de subsistência da população do enclave.
Os incidentes de terça-feira surgiram numa altura em que tinha chegado ajuda humanitária à região secessionista, que há vários meses acusava o Azerbaijão de cortar o abastecimento de comida e bens essenciais à região. Estes bens chegavam através de uma estrada montanhosa conhecida como corredor de Lachin, que liga Nagorno-Karabakh à Arménia.
A presidência do Azerbaijão confirmou o início das negociações na quinta-feira.
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