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“As vidraças abanavam como papel”: Empresários portugueses relatam sismo e crise em Marrocos

Medina de Casablanca, Marrocos
Medina de Casablanca, Marrocos
Matteo Colombo

Com a região de Marrocos mais afetada pelo sismo ainda sem resgate nem apoio, comunidade empresarial portuguesa recupera do susto e adapta-se a nova realidade

“Se o sismo foi sentido no Algarve, imagine-se aqui em Casablanca”, desabafa Óscar Rocha ao Expresso, empresário português de 52 anos, gestor na sucursal marroquina duma empresa têxtil portuguesa, distanciado cerca de 180 quilómetros do epicentro do terramoto na província de al-Haouz, em Marrocos, com uma intensidade de 6,8 na escala de Richter, registado às 23h do dia 8.

Dos dois mil portugueses registados na embaixada em Marrocos, cerca de 300 estavam na cidade de Marraquexe, urbe mais próxima do epicentro na região de Ighil, no Grande Atlas, dois turistas, pai e filha, estão feridos na cabeça e no pé, outros 75 retornaram através de um voo noturno operacionalizado pela Força Aérea portuguesa e organizado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros. Mas, a maioria da comunidade lusa permanece no país.

Apesar da distância desse empresário português para o epicentro, a onda de energia rasgou-lhe fissuras nas paredes do apartamento situado “na zona moderna de Casablanca”: “O sofá mexia-se muito e as vidraças do terraço abanavam como se fossem de papel”, conta Óscar ao Expresso, recordando que todos os moradores abandonaram o prédio e dormiram na rua: “Alguns em tendas de campismo”. A pernoita da população continua ao relento nas principais cidades do reino de Marrocos.

Após as primeiras 36 horas de pânico e de apreensão, José Maria Teixeira, também em Casablanca, presidente há 8 anos da Câmara do Comércio, Indústria e Serviços de Portugal em Marrocos, assegura numa conversa telefónica com o Expresso, que “a comunidade portuguesa não foi muito afetada, exceto aqueles que estavam na região de Marraquexe”.

30 réplicas sucederam. E, na cidade milenar de Marraquexe, considerada património da Humanidade pela UNESCO, “a zona histórica e a medina estão destruídas, as construções antigas de areia e de barro ficaram arrasadas”, adianta Óscar Rocha ao Expresso.

Há falhas constantes na rede elétrica e de telecomunicações e nos serviços de pagamento por multibanco. Além do custo humano, Teixeira alerta que os empreendimentos turísticos portugueses nas regiões mais próximas do epicentro poderão ser prejudicados a curto prazo. “Marraquexe é uma cidade sui generis e as repercussões da catástrofe poderão ser imediatas no setor do turismo”, vaticina, indicando que esse é o principal motor de riqueza nessa região.

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