A Índia acolhe este fim de semana, pela primeira vez, uma cimeira do poderoso grupo das 20 economias mais desenvolvidas do mundo (G20). Nas ruas de Nova Deli, a cidade anfitriã, há por estes dias segurança acrescida providenciada por 130 mil polícias e agentes paramilitares e também por um sistema antidrones.
Alguns ‘bairros de lata’ desta megacidade com mais de 30 milhões de habitantes foram destruídos, centenas de cães retirados das ruas e recortes em tamanho real de langures — um primata corpulento com cara negra — foram espalhados por várias zonas da capital indiana para afugentar os macacos.
Com os holofotes voltados sobre si, a Índia não quer que nada ofusque esta oportunidade de ouro para afirmar poder, no mesmo ano em que ultrapassou a China e se coroou como a maior potência demográfica do mundo.
Há dúvidas sobre o país que acolhe a cimeira do G20?
Não há qualquer incerteza que o evento decorrerá na Índia, mas há expectativa quanto à designação que o Estado anfitrião irá assumir na documentação oficial. Numa comunicação enviada aos países participantes, o Governo indiano convidou os líderes que estarão em Nova Deli para um jantar com o “Presidente de Bharat”.
A cimeira esclarecerá relativamente à real intenção do executivo liderado por um nacionalista hindu em promover uma mudança de nome do país. Várias explicações têm sido adiantadas para a eventualidade de isso acontecer.
Por um lado, a vontade de Modi e do seu Partido do Povo Indiano (Bharatiya Janata Party, BJP) se livrarem de uma designação imposta pelo colonizador britânico, mais de 75 anos após a independência.
Há, porém, outra razão política de natureza interna. No próximo ano, a Índia realiza eleições gerais e, a 1 de setembro passado, 28 partidos políticos anunciaram que irão a votos coligados, com um objetivo comum: impedir a terceira vitória consecutiva do BJP e da corrente nacionalista hindu.
O novo bloco político de oposição a Modi designa-se INDIA (sigla de Indian National Developmental Inclusive Alliance/Aliança Nacional Indiana para o Desenvolvimento Inclusivo). Afastar a palavra “Índia” dos holofotes poderá ser também uma forma de não dar visibilidade à oposição.
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