Internacional

Zimbabué: líder da oposição alega que houve "uma gigante fraude", presidente reeleito destacou "democracia madura"

Zimbabué: líder da oposição alega que houve "uma gigante fraude", presidente reeleito destacou "democracia madura"
EPA / AARON UFUMELI

As eleições no Zimbabué voltaram a dar a vitória ao partido que está no poder desde que o país se tornou independente em 1980. O atual Presidente Emmerson Mnangagwa venceu com 52,6% dos votos, mas o líder da oposição alega que houve fraude

Zimbabué: líder da oposição alega que houve "uma gigante fraude", presidente reeleito destacou "democracia madura"

Salomé Fernandes

Jornalista da secção internacional

O Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, foi reeleito para um segundo mandato com 52,6% dos votos nas eleições que decorreram na quarta e quinta-feira. O resultado é contestado pela oposição, cujo principal líder alegou este domingo que houve “uma gigante e flagrante fraude” nas eleições do país, noticiou a Associated Press. Nelson Chamisa, perdeu as eleições após conquistar 44% dos votos.

Chamisa deixou na rede social X (anteriormente conhecida por Twitter) uma mensagem dirigida aos eleitores na qual escreve que “eles roubaram a vossa voz mas nunca percam a esperança”. Um porta-voz do Partido da Coligação de Cidadãos para a Mudança, de Chamisa, afirmou poucos minutos após o anúncio, que o resultado seria rejeitado por “ter sido feito à pressa” e “sem a devida verificação”.

Segundo a Reuters, o Presidente reeleito sugeriu este domingo que quem estiver descontente leve o caso a tribunal. “Quem sente que a corrida não foi gerida adequadamente deve saber onde ir”, disse Mnangagwa, que disse estar “feliz” por ter ganho as eleições.

O líder da missão de observação eleitoral da União Europeia, Fabio Massimo Castaldo, disse na sexta-feira que houve uma “redução de direitos e falta de condições para uma concorrência equitativa que levaram a um ambiente nem sempre propício a uma escolha livre e informada dos eleitores”. Em comunicado, é descrito que a missão detetou ações de violência e intimidação, detenções de membros de organizações com estatuto de observadoras e falhas no fornecimento de equipamento como boletins de voto. O partido no poder e membros do governo rejeitaram as críticas.

“O Zimbabué é um Estado soberano que não pode ser desafiado por aqueles que têm interesses ocidentais”, disse na sexta-feira o porta-voz da União Nacional Africana do Zimbabué-Frente Patriótica (ZANU-PF), Christopher Mutsvangwa.

A vitória de Mnangagwa significa que o poder continua nas mãos do ZANU-PF, que está no governo há 43 anos, desde que o Zimbabué conquistou a independência de uma minoria branca em 1980. Desde então, o país teve apenas dois líderes: o autocrata Robert Mugabe e, após um golpe de estado em 2017, Mnangagwa.

No sábado, o Presidente Mnangagwa, congratulou-se por se manter à frente de uma “democracia madura” e de uma “nação independente e soberana”. “Como Estado soberano, pedimos a todos os nossos convidados que respeitem as nossas instituições nacionais”, sublinhou Mnangagwa, preferindo chamar a atenção para “a enorme participação no exercício do direito sagrado que é o voto”.

Segundo a comissão eleitoral, quase 69% dos eleitores registados foram às urnas. É a segunda vez que Chamisa perde a corrida eleitoral. Nas eleições de 2018, o líder da oposição contestou o resultado mas o processo foi rejeitado pelo Tribunal Constitucional.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate