As autoridades de aviação russas estão a divulgar detalhes sobre os passageiros do avião que caiu na região russa de Tver, enquanto completava o percurso entre as cidades de Moscovo e São Petersburgo. Além do líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, a queda da aeronave causou a morte a mais nove pessoas, segundo detalhaa BBC.
Uma das baixas a destacar na queda do avião na Rússia foi a do seu braço-direito, Dmitry Utkin, co-fundador do grupo Wagner e conhecido por ter dado o nome ao grupo de mercenários, alegadamente por referência ao compositor Richard Wagner, o favorito de Adolf Hitler.
“Acredita-se que o veterano de 53 anos das duas guerras russas na Tchétchénia, entre 1994 e 2000, estivesse envolvido no exército privado desde os seus primeiros dias, em 2014”, segundo descreve a BBC, referindo haver indicações de que Dmitry Utkin tenha servido a divisão de informação militar da Rússia (GRU), e que, depois disso, se tornou num "pistoleiro sob contrato", tendo conquistado influência no interior do grupo Wagner pela sua habilidade com armas e quando lutou ao lado dos separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia em 2014.
Ao lado de Prigozhin, também morreu Valeriy Chekalov, um elemento crucial para as finanças do grupo Wagner, e com quem o líder dos mercenários mantinha ligações comerciais há mais de vinte anos.
“O homem de 47 anos parece ter estado envolvido na gestão dos interesses comerciais não militares de Prigozhin”, indica a BBC, adiantando que Chekalov terá sido responsável pelos projetos do grupo Wagner em África, estando também ligado à Evro Polis, empresa associada a Prigozhin, que assinou contratos para a produção de gás e petróleo na Síria em 2017”.
Valery Chekalov foi alvo de sanções nos EUA, tendo a Evro Polis sido contratada pelo presidente da Síria, Bashar al-Assad, para proteger os campos de petróleo no país, a troco de uma participação de 25% na sua produção, receitas que foram utilizadas para financiar os combatentes do grupo Wagner e respetivas armas, segundo revelou odepartamento do Tesouro dos EUA em janeiro de 2018.
Outros homens registados como passageiros mortos no avião que se despenhou na Rússia perfilam-se como sendo membros do grupo Wagner, embora não fossem figuras de proa e não estejam integrados nas listas de sanções ocidentais, ao contrário de Dmitry Utkin e Valery Chekalov - mas que poderiam estar a assumir funções de guarda-costas de Prigozhin, que nesta fase viajava rodeado apenas de um círculo muito estreito de pessoas consideradas da sua ‘confiança’, sobretudo desde o motim contra o regime de Putin, em junho passado.
São os casos de Yevgeny Makaryan, Sergey Propustin e Alexander Totmin, nomes que figuram numa base de dados de alegados combatentes do grupo Wagner, compilada por ativistas pró-ucranianos, de acordo com a BBC - que frisa que “um outro homem identificado pelas autoridades russas como Nikolay Matuseev não aparece nesta base de dados”, mas segundo um canal russo poderia ter tido um papel de relevo no motim do grupo Wagner.
As restantes três pessoas identificadas pelas autoridades russas entre os mortos na queda do avião referem-se a tripulantes, designadamente o piloto Alexei Levshin, o co-piloto Rustam Karimov e a comissária de bordo Kristina Raspopova, que era a única mulher a bordo.
Por clarificar está a situação de os tripulantes serem ou não empregados diretamente por Prigozhin, sendo certo que o líder do grupo Wagner viajava rodeado de cautelas, em jato particular, e a aeronave que sofreu o acidente (Embraer Legacy 600, de fabrico brasileiro) já tinha sido alvo de sanções nos EUA em 2019.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt