
Em 76 anos, nunca um primeiro-ministro concluiu um mandato. Mas o problema do país não é só político
Em 76 anos, nunca um primeiro-ministro concluiu um mandato. Mas o problema do país não é só político
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Há um ditado entre os estudiosos das relações internacionais segundo o qual o Paquistão não é bem um país, mas antes “um exército com um país dentro”. A hipérbole reflete o peso das Forças Armadas naquele Estado de 76 anos que já viveu longos períodos em ditadura militar. Mesmo quando não estão formalmente no poder, os generais são omnipresentes. “São atores de veto”, diz ao Expresso Daniel Pinéu, que viveu três anos e meio no Paquistão e lecionou na Universidade Quaid-i-Azam, em Islamabade.
“Os militares têm um império económico brutal. A quantidade de generais que são gestores de empresas públicas e municipais, reitores de universidades, donos de grandes negócios ou estão presentes nos órgãos diretivos de bancos é muito grande”, continua. “Os militares controlam e retiram daí grandes vantagens económicas. Os únicos sistemas de pensões ou de saúde que funcionam razoavelmente bem no país são os militares. Eles têm uma série de privilégios de que não vão abrir mão.”
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